"A Finlândia não impôs quaisquer restrições concretas à sua ajuda material à Ucrânia, mas presume que o material será utilizado em conformidade com o Direito Internacional", declarou Elina Valtonen ao diário digital finlandês Uusi Suomi.
"A Rússia está a travar uma guerra de agressão ilegal na Ucrânia, e a Ucrânia tem o direito à autodefesa, segundo o artigo 51.º da Carta das Nações Unidas. Isso inclui também ataques a alvos militares no território do agressor que sejam necessários para a autodefesa", acrescentou Valtonen.
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, anda há semanas a insistir numa 'luz verde' dos seus parceiros ocidentais para atacar o território russo com as respetivas armas, argumentando que não consegue proteger as populações do nordeste da Ucrânia quando a Rússia ataca do outro lado da fronteira e que Kiev não dispõe de sistemas de defesa antiaérea suficientes.
A chefe da diplomacia finlandesa emitiu estas declarações depois de o secretário-geral da NATO (Organização do Tratado do Atlântico-Norte, bloco de defesa ocidental), Jens Stoltenberg, ter instado os aliados a considerar a possibilidade de autorizar a Ucrânia a atacar a Rússia no território desta com armas ocidentais, o que vários países proibiram expressamente ao fornecerem armamento a Kiev.
Valtonen participará numa reunião informal dos ministros dos Negócios Estrangeiros da NATO em Praga, na quinta e na sexta-feira, para discutir o apoio militar à Ucrânia e preparar a cimeira da Aliança Atlântica em Washington, em julho.
"O apoio à Ucrânia estará no centro tanto desta reunião como da cimeira da NATO que se realizará em Washington. Para a Finlândia, é importante que a NATO envie a mensagem mais forte possível à Ucrânia sobre a continuidade do apoio", indicou o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Helsínquia num comunicado.
A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e "desnazificar" o país vizinho, independente desde 1991, após a desagregação da antiga União Soviética, e que tem vindo a afastar-se do espaço de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.
A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, e os dois beligerantes mantêm-se irredutíveis nas suas posições territoriais e sem abertura para cedências negociais.
Os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia contra cidades e infraestruturas ucranianas, ao passo que as forças de Kiev têm visado alvos em território russo próximos da fronteira e na península da Crimeia, ilegalmente anexada em 2014.
Já no terceiro ano de guerra, as Forças Armadas ucranianas têm-se confrontado com falta de soldados e de armamento e munições, apesar das reiteradas promessas de ajuda dos aliados ocidentais.
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