O ministro da Defesa chinês, almirante Dong Jun, afirmou que as suas tropas estão preparadas para travar "pela força" tentativas de independência de Taiwan e acusou forças estrangeiras de interferência, referindo-se aos Estados Unidos, segundo um balanço da agência EFE.
"O Exército de Libertação do Povo chinês sempre foi uma força indestrutível e poderosa na defesa da unificação da pátria e atuará sempre com determinação e força para impedir a independência de Taiwan", proclamou Dong em Singapura.
Dong reafirmou o empenho da China numa reunificação pacífica com Taiwan, a ilha onde se refugiaram as forças nacionalistas em 1949, quando perderam a guerra civil para os comunistas.
"Mas a situação está a ser constantemente corroída pelos separatistas e pelas forças estrangeiras", afirmou no encontro na cidade-Estado do Sudeste Asiático.
O Diálogo Sangri-La, entre sexta-feira e hoje, realizou-se uma semana depois de a China ter efetuado exercícios militares em redor de Taiwan, na sequência da posse do Presidente William Lai, que Pequim descreve como secessionista.
A China e os Estados Unidos têm divergências sobre Taiwan, que Pequim considera uma província rebelde que não exclui tomar pela força, enquanto Washington defende a autonomia da ilha.
À margem do fórum, o ministro chinês reuniu-se na sexta-feira durante 45 minutos com o homólogo norte-americano, Lloyd Austin, o primeiro encontro deste tipo desde há um ano e meio.
Austin advertiu Dong para que a China não utilize a transição política de Taiwan, decorrente de eleições democráticas, "como cobertura para medidas coercivas".
Tanto Austin como Dong concordaram, nos respetivos discursos, em manter o diálogo como instrumento para reduzir as tensões e evitar "mal-entendidos e erros de cálculo".
Além da situação sobre a antiga Formosa, os pontos de vista de Washington e Pequim também entram em conflito sobre o Mar do Sul da China, uma região-chave para o comércio mundial.
Os Estados Unidos defendem a liberdade de navegação e as reivindicações territoriais de países aliados, como as Filipinas, enquanto o gigante asiático reclama a soberania sobre praticamente toda a área.
Perante as inúmeras tensões entre as duas potências, o ministro da Defesa de Singapura, Ng Eng Hen, anfitrião da reunião, tentou encontrar um ponto de equilíbrio.
"Devemos evitar a todo o custo um conflito armado na Ásia. (...) O mundo não pode permitir a abertura de uma terceira frente", observou Ng, aludindo às guerras na Ucrânia e em Gaza.
Sobre Taiwan, Ng advogou que o 'status quo' é a melhor solução para uma questão que disse ser complexa.
"Nem independência, nem reunificação", resumiu.
Anunciado em cima da hora, Volodymyr Zelensky participou no fórum com um apelo à diplomacia como mecanismo para forçar a Rússia a negociar a paz com Kiev.
"É muito importante para nós iniciar o processo de estabelecimento de uma paz justa", afirmou no sábado, após um encontro com o Presidente de Timor-Leste e Prémio Nobel da Paz, José Ramos-Horta.
"A Rússia não quer acabar com a guerra. Por isso, temos de trabalhar em conjunto com todo o mundo para aproximar a paz", acrescentou.
No discurso de hoje, Zelensky convidou os líderes da Ásia-Pacífico a participarem na cimeira de paz de 15 e16 de junho, na Suíça.
"A Ucrânia propõe-se alcançar a paz através da diplomacia. (...) Convido a vossa região, os vossos líderes e países a participarem, para que os vossos povos se envolvam nos assuntos mundiais", afirmou.
Ao regressar hoje a Díli, Ramos-Horta anunciou que vai participar na cimeira, que contará também com a presença de uma delegação portuguesa liderada pelo Presidente Marcelo Rebelo de Sousa e que inclui o chefe da diplomacia, Paulo Rangel.
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