Na semana passada, os combates entre a rebelião M23 (Movimento 23 de Março), alegadamente apoiada pelo Ruanda, e as forças governamentais da RDCongo - país que faz fronteira com Angola -, apoiadas nomeadamente por grupos armados ditos "patriotas", aproximaram-se de Kanyabayonga, na frente norte do conflito que se desenrola desde o final de 2021 na província de Kivu do Norte.
Situada a cerca de 100 quilómetros a norte de Goma, a cidade tem uma população de mais de 60.000 habitantes, a que se juntaram dezenas de milhares de pessoas deslocadas, expulsas das suas casas nos últimos meses pelo avanço dos rebeldes.
O CICV lançou uma distribuição de ajuda alimentar aos deslocados em Kanyabayonga, em 24 de maio.
Todavia, a organização humanitária suspendeu a operação em 30 de maio, depois de ter assistido cerca de 29.000 pessoas de um total de 58.000 visadas, afirmou a delegação do CICV em Goma, a capital do Kivu do Norte, num comunicado.
"Confrontados com combates que se aproximam, muitos agregados familiares voltaram a ser deslocados", referiu o comunicado.
"Estamos preocupados com estas pessoas. Cada nova deslocação torna-as ainda mais vulneráveis", advertiu a chefe da subdelegação do CICV em Goma, Myriam Favier, citada no comunicado de imprensa.
As aldeias a norte de Kanyabayonga registaram um afluxo de dezenas de milhares de pessoas, de acordo com várias fontes locais.
"Estão a viver em condições desumanas, sem alimentos, dinheiro ou artigos domésticos essenciais", confirmou à agência noticiosa France Presse (AFP) um responsável local.
Hoje, os combates prosseguiam a cerca de cinco quilómetros a sul de Kanyabayonga, segundo um habitante local.
Apoiado por unidades do exército ruandês, o M23 conquistou vastas extensões de território em dois anos e meio, chegando mesmo a cercar quase totalmente Goma, para onde acorreram centenas de milhares de pessoas deslocadas.
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