"Fico indignado quando alguém que procurou proteção aqui comete crimes graves. (...) Os criminosos graves e os terroristas perigosos não têm lugar aqui", disse Scholz num discurso no parlamento alemão, citado pela agência francesa AFP.
"Nestes casos, os interesses de segurança da Alemanha têm precedência sobre os do criminoso. (...) Também não toleraremos que os atos terroristas sejam glorificados e celebrados", insistiu o chanceler social-democrata.
As deportações de criminosos para o Afeganistão foram suspensas na Alemanha desde que os talibãs regressaram ao poder em agosto de 2021.
Berlim tem também uma moratória sobre as deportações para a Síria desde 2012, devido ao conflito sangrento ali vivido, mas já considerou autorizar a deportação de infratores para o país em várias ocasiões.
Nos últimos dias, várias vozes, sobretudo da direita e da extrema-direita, mas também do partido de Scholz, o Partido Social-Democrata (SPD), têm pedido regras mais duras, depois de um afegão ter atacado participantes num evento anti-islâmico.
O suspeito, de 25 anos, matou um polícia de 29 anos e feriu cinco pessoas na cidade de Mannheim (oeste).
Como o agressor visou uma manifestação anti-islâmica organizada por um movimento da extrema-direita, o Governo levantou a hipótese de um atentado e o Ministério Público antiterrorista encarregou-se da investigação.
O ataque, ocorrido uma semana antes das eleições europeias, aconteceu num contexto de violência crescente contra figuras públicas na Alemanha.
Nos casos mais recentes, um eurodeputado do SPD ficou gravemente ferido ao ser atacado quando afixava cartazes eleitorais em Dresden (sul), uma região onde o partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD) é muito popular.
No fim de semana, um deputado do partido conservador CDU, ficou ligeiramente ferido depois de ter sido atropelado por um homem enquanto fazia campanha em Aalen (sul) para as eleições europeias, segundo a polícia.
No discurso no parlamento, Scholz disse que o Ministério do Interior estava a trabalhar "para tornar possível a deportação de pessoas perigosas para o Afeganistão".
A vontade política do Governo tem obstáculos práticos, já que a Alemanha rompeu relações diplomáticas com a Síria e não reconhece o regime talibã, que tomou o poder no Afeganistão pela força em 2021.
A questão também levanta desafios de segurança, como referiu a chefe da diplomacia alemã, a ecologista Annalena Baerbock, se os criminosos deportados forem libertados no Afeganistão.
"Devemos às vítimas que os autores cumpram as penas na prisão e que os assassinos não sejam libertados no Afeganistão", defendeu esta semana.
Segundo a revista Der Spiegel, o suspeito do ataque de Mannheim entrou na Alemanha como menor não acompanhado e pediu asilo.
O pedido foi rejeitado, mas beneficiou da proibição de deportação devido à situação de segurança no Afeganistão.
Posteriormente, obteve uma autorização de residência por tempo determinado depois de casar com uma mulher alemã de origem turca em 2019, acrescentou a revista, segundo a AFP.
Leia Também: Alemanha e Espanha lideram ranking dos Europeus com três títulos