Após o presidente da Bolívia, Luis Arce, ter denunciado esta quarta-feira que estavam a ocorrer "mobilizações irregulares" de algumas unidades do Exército do país, vários líderes nacionais e dirigentes da comunidade internacional "condenaram" o sucedido.
O vice-presidente da Bolívia David Choquehuanca alertou que está a ocorrer um "golpe de Estado" contra o Governo de Luis Arce, enquanto a ministra dos Negócios Estrangeiros denunciou à comunidade internacional mobilizações irregulares por unidades do Exército.
"Denunciamos à comunidade internacional que na Bolívia há um golpe de Estado contra o nosso governo democraticamente eleito", frisou Choquehuanca.
Denunciamos a la comunidad Internacional que en Bolivia hay un Golpe de Estado contra nuestro Gobierno democráticamente elegido.
— David Choquehuanca (@LaramaDavid) June 26, 2024
Também a ministra dos Negócios Estrangeiros, Celinda Sosa, denunciou à comunidade internacional as mobilizações irregulares de unidades do Exército que "atacam a democracia, a paz e a segurança do país".
"Apelamos à comunidade internacional, à população boliviana, que respeite os valores democráticos e apoie o governo de Luis Arce Catacora, constitucional e legítimo eleito pela vontade soberana do povo boliviano", frisou, através de um vídeo divulgado na rede social X (antigo Twitter).
— Celinda Sosa Lunda (@CelindaBolivia) June 26, 2024
O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, ressalvou que a "posição do Brasil é clara", acrescentando que é "amante da democracia".
"Sou um amante da democracia e quero que ela prevaleça em toda a América Latina. Condenamos qualquer forma de golpe de estado na Bolívia e reafirmamos o nosso compromisso com o povo e a democracia no país irmão", declarou Lula.
A posição do Brasil é clara. Sou um amante da democracia e quero que ela prevaleça em toda a América Latina. Condenamos qualquer forma de golpe de Estado na Bolívia e reafirmamos nosso compromisso com o povo e a democracia no país irmão, presidido por @LuchoXBolivia.…
— Lula (@LulaOficial) June 26, 2024
O presidente da Guatemala, Bernardo Arévalo, também condenou as ações recentes do Exército na Bolívia.
"Nem a força nem a imposição são a via para a construção de nações democráticas e livres. O nosso total apoio ao povo boliviano, assim como ao presidente", declarou.
Guatemala rechaza las recientes acciones que un grupo del Ejército ha tomado en Bolivia. Ni la fuerza, ni la imposición son la vía para la construcción de naciones democráticas y libres.
— Bernardo Arévalo (@BArevalodeLeon) June 26, 2024
Nuestra total cercanía y apoyo al pueblo boliviano, así como con el presidente…
Também a presidência do Peru deixou a sua condenação à alegada tentativa de golpe de Estado no país.
"O Peru apoia o povo e o governo constitucional do presidente Luis Arce e rejeita qualquer ato que ameace a ordem democrática e institucional daquele país", pode ler-se numa publicação.
El Perú condena enérgicamente el intento de ruptura constitucional en el Estado Plurinacional de Bolivia.
— Presidencia del Perú 🇵🇪 (@presidenciaperu) June 26, 2024
El Perú respalda al pueblo y al gobierno constitucional del presidente Luis Arce y rechaza todo acto que atente contra el orden democrático e institucional de ese país.…
Um vídeo divulgado na televisão boliviana - que pode ver abaixo - mostra Arce a confrontar o comandante-geral do Exército, Juan José Zúñiga, no corredor do palácio, noticiou a agência Associated Press (AP).
"Eu sou o seu capitão e ordeno que retire os seus soldados e não permitirei essa insubordinação", sublinhou Arce.
#GolpeDeEstado #Bolivia
— Témoris Grecko (@temoris) June 26, 2024
Un momento para la historia: el presidente Luis Arce confronta personalmente al general Zúñiga.
No parece que los golpistas estén teniendo éxito. Ni el secretario general de la OEA, Luis Almagro, apoya la intentona (sí lo hizo en la de 2019). pic.twitter.com/ym5LpjOnYD
Antes de entrar no edifício do governo, Zúñiga disse aos jornalistas na praça: "Certamente em breve haverá um novo Gabinete de Ministros. O nosso país, o nosso estado não pode continuar assim".
Zúñiga acrescentou que "por enquanto" reconhecia o Presidente Arce como comandante supremo.
Numa mensagem no X, Arce pediu que "a democracia seja respeitada".
Denunciamos movilizaciones irregulares de algunas unidades del Ejército Boliviano. La democracia debe respetarse.
— Luis Alberto Arce Catacora (Lucho Arce) (@LuchoXBolivia) June 26, 2024
A notícia ocorreu no momento em que a televisão boliviana mostrava dois tanques e vários homens em uniforme militar em frente ao palácio do governo.
O ex-presidente boliviano Evo Morales, também em mensagem no X, denunciou a movimentação dos militares na praça Murillo, em frente ao palácio, chamando-a de golpe de Estado "em preparação".
Denunciamos que un Grupo del Regimiento Especial de Challapata "Mendez Arcos" tomaron la Plaza Murillo con francotiradores. Esto pareciera indicar que prepararon con anticipación el Golpe de Estado.
— Evo Morales Ayma (@evoespueblo) June 26, 2024
Pido al pueblo con vocación democracia a defender la Patria de algunos grupos…
María Nela Prada, ministra da Presidência e alta autoridade boliviana, disse que militares e tanques estavam a tomar conta da praça, chamando a situação de "tentativa de golpe de Estado".
"O povo está em alerta para defender a democracia", garantiu, em declarações à estação de televisão local Red Uno.
O incidente foi recebido com uma onda de indignação por outros líderes regionais, incluindo a Organização dos Estados Americanos, por Gabriel Boric, Presidente do vizinho Chile, o líder das Honduras e ex-líderes bolivianos.
"Apoio à democracia" e "solidariedade". UE "condena" alegado golpe de Estado
Também a União Europeia condenou "qualquer tentativa" de golpe de Estado na Bolívia.
"A União Europeia condena qualquer tentativa de minar a ordem constitucional na Bolívia e de derrubar governos democraticamente eleitos, e manifesta a sua solidariedade para com o governo e o povo bolivianos", pode ler-se numa publicação do chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell.
The European Union condemns any attempt to undermine the constitutional order in #Bolivia and overthrow democratically elected governments, and expresses its solidarity with the Bolivian government and people.
— Josep Borrell Fontelles (@JosepBorrellF) June 26, 2024
O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, também condenou "veemente" a revolta militar.
"Condeno veementemente a revolta militar contra a ordem constitucional boliviana e o governo democraticamente eleito do Presidente Arce. A União Europeia apoia a democracia e o povo boliviano", escreveu na rede social X.
I strongly condemn the military uprising against the Bolivian constitutional order and the democratically elected government of President Arce.
— Charles Michel (@CharlesMichel) June 26, 2024
The European Union supports democracy and the Bolivian people.
O presidente espanhol, Pedro Sanchéz, deixou um alerta para se "respeitar a democracia".
"A Espanha condena veementemente os movimentos militares na Bolívia. Enviamos ao Governo da Bolívia e ao seu povo o nosso apoio e solidariedade e fazemos um alerta para respeitar a democracia e o estado de direito", afirmou.
España condena rotundamente los movimientos militares en Bolivia.
— Pedro Sánchez (@sanchezcastejon) June 26, 2024
Enviamos al Gobierno de Bolivia y a su pueblo nuestro apoyo y solidaridad y hacemos un llamamiento a respetar la democracia y el estado de derecho.
Diretamente de Portugal, a coordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, prestou "toda a solidariedade com o povo boliviano" na sequência da ação militar em curso no país.
"Exige-se aos militares o retorno imediato à democracia constitucional e o respeito pela soberania popular", afirmou a bloquista.
Está em curso um golpe de estado na Bolívia. Exige-se aos militares o retorno imediato à democracia constitucional e o respeito pela soberania popular. 🇧🇴 Toda a solidariedade com o povo boliviano.
— mariana mortágua (@MRMortagua) June 26, 2024
A Bolívia, um país de 12 milhões de habitantes, tem assistido a protestos cada vez mais intensos nos últimos meses devido ao declínio vertiginoso da economia, de um dos continentes com crescimento mais rápido há duas décadas para um dos mais atingidos pela crise.
O país também tem assistido a uma rutura de grande visibilidade nos mais altos níveis do partido do governo.
Arce e o seu antigo aliado, ícone esquerdista e ex-presidente Morales, têm lutado pelo futuro do fragmentado Movimento pelo Socialismo da Bolívia, conhecido pela sigla MAS, antes das eleições de 2025.
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