Apoiantes de Evo Morales acusam Presidente de "auto golpe de Estado"

Apoiantes do antigo Presidente Evo Morales acusaram o atual líder da Bolívia, Luis Arce, de realizar um "auto golpe de Estado" para aumentar a sua popularidade, quando o país atravessa uma crise económica.

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© Getty Images/Bolivian Presidency / Handout/Anadolu

Lusa
27/06/2024 07:54 ‧ 27/06/2024 por Lusa

Mundo

Bolívia

 

Na quarta-feira, tanques e soldados fortemente armados chegaram à sede do Governo boliviano sob o comando do já demitido comandante do exército Juan José Zuñiga Zuñiga, no que Luis Arce denunciou como uma "tentativa de golpe de Estado".

Minutos depois, Zuñiga e as suas tropas armadas retiraram-se, depois de Arce ter substituído todo o alto comando militar, num incidente que causou pelo menos nove feridos.

"[De] magistrados auto prorrogados a um auto golpe, o povo boliviano está a afundar-se na incerteza", disse o presidente da câmara alta do parlamento da Bolívia, Adrónico Rodríguez, citado pelo jornal 'El Deber'.

Rodríguez referia-se aos juízes do Tribunal Constitucional, Supremo Tribunal, Tribunal Agroambiental e Conselho da Justiça, que decidiram prolongar os seus mandatos em dezembro face ao impasse político.

Também César Dockweiler, um outro dirigente do Movimento para o Socialismo, partido liderado por Evo Morales e que domina o parlamento da Bolívia, falou de um "auto golpe" para fortalecer Arce durante uma crise económica.

A deputado Luisa Nayar descreveu a operação militar como um "espetáculo político incrível, montado pelos irresponsáveis, incapazes e corruptos, inquilinos" da Presidência da Bolívia, que acusou de usarem "um general maluco".

Horas antes, o ministro do Interior da Bolívia, Eduardo del Castillo, garantiu que Zuñiga pretendia "assumir o comando" do país, numa operação militar que "não foi um exercício".

O governante alegou que houve "gestão política" dos acontecimentos, uma vez que alguns setores tinham anunciado a realização de protestos esta semana e Zuñiga procurava "ganhar o apoio popular".

O ministro garantiu que o Governo fará "todos os esforços" para que Zuñiga e Arnez "sejam condenados por sublevação armada, ataque ao Presidente e destruição de propriedade pública e privada".

Ao ser detido pela alegada "tentativa de golpe de Estado", Zuñiga acusou Luis Arce de ter ordenado a operação militar.

"No domingo, na escola La Salle, encontrei-me com o Presidente [Luis Arce] e o Presidente disse-me que a situação está muito complicada, que esta semana seria crítica e que 'algo é necessário para aumentar a minha popularidade'", disse Zuñiga ao ser detido.

O comandante disse que perguntou ao Presidente da Bolívia se deveria "tirar os veículos blindados" dos quartéis e que Arce respondeu: "Tire-os".

Também o ministro da Justiça negou, na rede social X (antigo Twitter), as alegações, dizendo que o militar estava a mentir para tentar justificar o golpe.

Ivan Lima acrescentou que o Ministério Público irá pedir a pena máxima de 20 anos de prisão para Zúñiga, "por ter atacado a democracia e a Constituição".

Leia Também: Líder militar acusa presidente da Bolívia de ordenar operação

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