Na quarta-feira, tanques e soldados fortemente armados chegaram à sede do Governo boliviano sob o comando do já demitido comandante do exército Juan José Zuñiga Zuñiga, no que Luis Arce denunciou como uma "tentativa de golpe de Estado".
Minutos depois, Zuñiga e as suas tropas armadas retiraram-se, depois de Arce ter substituído todo o alto comando militar, num incidente que causou pelo menos nove feridos.
"[De] magistrados auto prorrogados a um auto golpe, o povo boliviano está a afundar-se na incerteza", disse o presidente da câmara alta do parlamento da Bolívia, Adrónico Rodríguez, citado pelo jornal 'El Deber'.
Rodríguez referia-se aos juízes do Tribunal Constitucional, Supremo Tribunal, Tribunal Agroambiental e Conselho da Justiça, que decidiram prolongar os seus mandatos em dezembro face ao impasse político.
Também César Dockweiler, um outro dirigente do Movimento para o Socialismo, partido liderado por Evo Morales e que domina o parlamento da Bolívia, falou de um "auto golpe" para fortalecer Arce durante uma crise económica.
A deputado Luisa Nayar descreveu a operação militar como um "espetáculo político incrível, montado pelos irresponsáveis, incapazes e corruptos, inquilinos" da Presidência da Bolívia, que acusou de usarem "um general maluco".
Horas antes, o ministro do Interior da Bolívia, Eduardo del Castillo, garantiu que Zuñiga pretendia "assumir o comando" do país, numa operação militar que "não foi um exercício".
O governante alegou que houve "gestão política" dos acontecimentos, uma vez que alguns setores tinham anunciado a realização de protestos esta semana e Zuñiga procurava "ganhar o apoio popular".
O ministro garantiu que o Governo fará "todos os esforços" para que Zuñiga e Arnez "sejam condenados por sublevação armada, ataque ao Presidente e destruição de propriedade pública e privada".
Ao ser detido pela alegada "tentativa de golpe de Estado", Zuñiga acusou Luis Arce de ter ordenado a operação militar.
"No domingo, na escola La Salle, encontrei-me com o Presidente [Luis Arce] e o Presidente disse-me que a situação está muito complicada, que esta semana seria crítica e que 'algo é necessário para aumentar a minha popularidade'", disse Zuñiga ao ser detido.
O comandante disse que perguntou ao Presidente da Bolívia se deveria "tirar os veículos blindados" dos quartéis e que Arce respondeu: "Tire-os".
Também o ministro da Justiça negou, na rede social X (antigo Twitter), as alegações, dizendo que o militar estava a mentir para tentar justificar o golpe.
Ivan Lima acrescentou que o Ministério Público irá pedir a pena máxima de 20 anos de prisão para Zúñiga, "por ter atacado a democracia e a Constituição".
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