Fernando Dias, de 46 anos, que dirigia o PRS de forma interina desde a morte do presidente eleito, Alberto Nambeia, em janeiro de 2023, obteve na sexta--feira 638 votos a favor, contra 12 do rival na corrida à liderança do partido, Albino Nhasse Nabidum.
Dos 901 delegados àquele que foi o primeiro congresso extraordinário do partido do antigo presidente Kumba Ialá (1953--2014), votaram 720, anunciou Herculano Incada.
No discurso em que aceitou os resultados eleitorais, Albino Nabidum disse que não se considera derrotado "porque o PRS saiu vitorioso".
O agora presidente eleito do PRS, Fernando Dias, defendeu que a reunião magna realizada no clube de festas Paiã, nos subúrbios de Bissau, "é legítima".
"O único congresso extraordinário do PRS foi este. Fora deste não existe outro", enfatizou Dias, em alusão ao congresso extraordinário marcado na localidade de ilhéu de Gardete, a dez quilómetros de Bissau, pela ala que contesta a liderança no partido.
A ala autointitulada de "Os Inconformados" é liderada pelo ministro das Finanças, Ilídio Vieira Té, e pelo veterano e membro fundador do partido, Ibraima Sory Djaló.
Este grupo de militantes acusa Fernando Dias de não ter legitimidade para continuar a dirigir o partido e de se ter recusado a convocar um congresso extraordinário.
A ala de Fernando Dias, por sua vez, acusa "Os Inconformados" de pretender obrigar o PRS a apoiar uma eventual candidatura do Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló para um segundo mandato.
O PRS de Fernando Dias tem vindo a distanciar-se de Embaló e recentemente exortou todo os militantes para que abandonassem o Governo de Iniciativa Presidencial.
O ministro da Saúde Pública, Domingos Malu, obedeceu à exortação e saiu do Governo.
As duas alas do PRS têm recorrido aos tribunais para reclamar legitimidade na direção do partido.
Fernando Dias aproveitou o discurso de consagração para apelar ao poder judicial guineense a "aplicar o direito" nos diferendos entre os cidadãos e "não a vontade de A ou B".
"Ao aplicar as vontades estaremos a colocar em causa a estabilidade do poder judicial e, como consequência, ninguém vem investir na Guiné-Bissau", defendeu Fernando Dias.
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