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China tenta reprimir discurso de ódio contra Japão após ataque com faca

As principais plataformas 'online' da China anunciaram, nos últimos dias, medidas para reprimir o discurso de ódio contra o Japão, na sequência de um esfaqueamento mortal contra um autocarro escolar japonês na semana passada.

China tenta reprimir discurso de ódio contra Japão após ataque com faca
Notícias ao Minuto

07:11 - 01/07/24 por Lusa

Mundo China

O antigo editor do jornal do Partido Comunista Chinês Global Times Hu Xijin pediu também que a China "evite exagerar desafios externos e a hostilidade [nas redes sociais], o que transforma o nacionalismo extremo numa mercadoria de ódio à América e ao Japão, atribuindo a maior parte dos problemas [do país] a fatores externos".

Esta posição surgiu depois de um homem armado com uma faca ter atacado uma mãe japonesa e o filho e uma mulher chinesa na paragem de um autocarro escolar, na cidade de Suzhou, no leste da China. 

De acordo com a imprensa oficial, a cidadã chinesa Hu Youping, empregada do transporte escolar, interpôs-se entre o agressor e as vítimas, recebendo uma facada que a acabou por matar.

Hu foi desde então homenageada como heroína na China e no Japão, que colocou a bandeira a meia haste na embaixada em Pequim.

O ataque foi seguido por uma vaga de discurso de ódio contra o Japão nas redes sociais chinesas, nomeadamente na Netease, plataforma de notícias e de partilha de conteúdos gerados por utilizadores, WeChat e Weibo.

A Netease afirmou, no domingo, que "certos acontecimentos" foram aproveitados por utilizadores "para incitar sentimentos nacionalistas extremos, distorcendo, exagerando ou mesmo fabricando conteúdos para publicar comentários inadequados".

A plataforma afirmou ter "silenciado ou banido contas envolvidas nestas declarações extremas e prejudiciais".

Também a Tencent, operadora da rede social WeChat, pediu aos utilizadores para denunciarem conteúdo que "incite ao conflito sino-japonês e provoque nacionalismo extremo".

"Alguns internautas têm fabricado declarações extremistas. A plataforma combate firmemente este tipo de violações e de contas, tendo tratado 836 violações relacionadas e 61 contas infratoras. Dependendo da gravidade e das regras da plataforma, as medidas tomadas incluem o silenciamento e exclusão de contas", indicou, em comunicado.

A rede social chinesa Weibo puniu também 36 contas e removeu 759 publicações relacionadas com o ataque. O conteúdo removido "interpretava excessivamente o incidente" e "difundia discurso extremista que incitava ao sentimento nacionalista, promovia o ódio e até aplaudia atos criminosos em nome do patriotismo", lê-se no comunicado emitido pela plataforma, equivalente à rede X (antigo Twitter) na China.

A disputa entre China e Japão sobre a decisão de Tóquio de libertar as águas residuais tratadas da central nuclear de Fukushima veio agravar décadas de animosidade entre as duas nações.

Em particular, os chineses ressentem a ocupação japonesa durante a Segundo Guerra Mundial, que incluiu atrocidades como a "Violação de Nanquim" - um período de assassínios e violações em massa cometidos depois de os soldados japoneses terem tomado a cidade -- e a tortura, escravatura sexual e experiências científicas com seres humanos.

As velhas feridas ressurgem quando políticos nacionalistas japoneses visitam o santuário Yasukuni, em Tóquio, que homenageia militares e políticos condenados por crimes de guerra após a Segunda Guerra Mundial.

A China classifica estas visitas como "graves provocações", instando Tóquio a "aprender com a História".

A ocupação é frequentemente tema de séries televisivas e filmes na China, onde a retórica oficial do regime pede à população para "não esquecer a humilhação nacional".

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