Vários elementos do partido comentaram na terça-feira a 'encruzilhada' em que os democratas mergulharam, encurralados por um processo de eleições primárias criado de forma a proteger o atual presidente dos EUA, sem uma saída óbvia para a situação.
Bernie Sanders, por exemplo, descreveu a prestação de Joe Biden no debate presidencial como "dolorosa" e disse não estar confiante numa vitória do atual líder dos EUA, no outono, mas rejeitou a hipótese de desistência.
Pelo contrário, o adversário de Biden nas primárias dos democratas para as eleições de 2020, apelou aos eleitores para optarem pela "maturidade" nas próximas eleições.
"Uma eleição presidencial não é uma Gala dos Grammy para o melhor cantor ou artista. É sobre as melhores políticas que impactam nas nossas vidas. Vou fazer tudo o que puder para garantir que Biden seja reeleito", afirmou Bernie Sanders.
Outros apoiantes dos democratas, como Sanders, reconhecem as dificuldades de Biden, mas contrapõem com as suas políticas em oposição às de Donald Trump para justificar a sua continuidade na corrida eleitoral.
Mas muitos elementos do partido preferem que Biden suspenda a sua campanha para evitar o que consideram ser uma derrota certa em novembro.
O representante do Texas, Lloyd Doggett, tornou-se na terça-feira no primeiro democrata a pedir a retirada do presidente da corrida, afirmando que "há muito em jogo" para que Biden permaneça na corrida apenas para perder para Trump.
"Tem a oportunidade de encorajar uma nova geração de líderes, entre os quais pode ser escolhido um candidato para unir o nosso país num processo aberto e democrático. A minha decisão de tornar públicas as minhas reservas não é feita de forma leviana e não diminui, de forma alguma, o meu respeito pelo que Biden conseguiu", afirmou Doggett.
Também a ex-presidente de Câmara, Nancy Pelosi, disse à MSNBC que "é legítima" a dúvida sobre se o desempenho de Biden no debate é "um episódio ou uma condição".
Em privado, várias pessoas próximas dos possíveis substitutos de Biden têm mantido conversas informais sobre os passos a tomar no caso de Biden mudar abruptamente de rumo e decidir retirar-se da corrida, entre as quais o atual governador da Califórnia, Gavin Newson, o governador do Michigan, Gretchen Whitmer, e a vice-presidente dos EUA, Kamala Harris.
As conversas incluem mesmo potenciais nomes para a vice-presidência, que incluem o governador do Kentucky, Andy Beshear, e o representante da Califórnia, Ro Khanna.
Mas todos garantiram publicamente o seu apoio a Joe Biden nos últimos dias e a sempre desafiadora equipa do presidente desvalorizou os seus problemas políticos numa série de memorandos e reuniões privadas com doadores, estrategas e membros do partido.
A campanha de Joe Biden emitiu um memorando, no fim de semana, alegando que o presidente perdeu pouco apoio após o debate com Donald Trump. Um outro memorando interno defendia que Biden mantém o apoio de muitos eleitores que consideraram negativa a sua prestação.
Uma sondagem divulgada pela CNN, após o debate, mostrou que o apoio a Biden não se alterou significativamente, nem a percentagem de norte-americanos que dizem ir votar nele em novembro.
No entanto, três quartos dos eleitores dos EUA (e mais de metade dos eleitores democratas) dizem que o partido teria mais hipóteses de ganhar com outra pessoa na corrida.
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