Os Estados Unidos 'tremeram' na quarta-feira quando, mais uma vez, a porta da saída da corrida presidencial se abriu para Joe Biden - e para isso bastaram alguns parágrafos escritos no New York Times.
A publicação norte-americana avançou ontem que o presidente, Joe Biden, estava a ponderar se devia manter-se como candidato à Casa Branca.
A imprensa citava um "aliado importante", não identificado, que dizia que Biden ainda estava "profundamente envolvido na luta pela reeleição", mas que as suas próximas aparições na televisão e em eventos públicos "têm de correr bem".
Um dos conselheiros de Biden, que também falou com o New York Times sob condição de anonimato, dizendo que o líder norte-americano estava "bem ciente do desafio político que enfrenta".
Mea exaustão, mea culpa
Os 81 anos de Joe Biden têm vindo a ser motivo para os adversários criticarem o presidente e a sua reeleição - assim como alguns episódios que têm colocado Biden sob fogo, nomeadamente, o último debate, onde este apareceu de olhos fechados, com expressões invulgares, parecendo 'alheio' ao que se passava.
Terão 'chovido' críticas mesmo entre os Democratas quando o debate, que aconteceu a semana passada ainda decorria - e as conversas de corredores sobre uma possível sucessão começaram, geradas pelo pânico que se terá instalado. Biden já admitiu que o debate não correu bem, e referiu que não tinha sido "muito inteligente" por ter viajado nas semanas que antecederam ao debate, o que lhe terá causado exaustão.
"Decidi viajar ao redor do mundo, passando por cerca de 100 fusos horários. Não dei ouvidos à minha equipa, voltei e quase adormeci no palco. Isso não é desculpa, mas é uma explicação. Não tive a minha melhor noite", reconheceu num evento de campanha, junto de apoiantes, no estado norte-americano na Virgínia.
Mas... sai ou não sai?
Quase em modo 'breaking news', a Casa Branca apressou-se a reagir, com o porta-voz da Casa Branca Andrew Bates a negar que Biden estava fora da corrida. "Esta afirmação é absolutamente falsa. Se o New York Times nos tivesse dado mais de sete minutos para comentar, tê-lo-íamos dito", escreveu na rede social X, em comentário à referida notícia.
That claim is absolutely false. If the New York Times had provided us with more than 7 minutes to comment we would have told them so. https://t.co/SRTYIVTy7v
— Andrew Bates (@AndrewJBates46) July 3, 2024
Perante as críticas Biden tem vindo a repetir insistentemente que não vai abandonar a corrida, mas o debate e fontes que têm dado conta das dúvidas de Biden têm vindo a abrir a porta para a saída - que Biden fez questão de fechar a sete chaves ainda ontem.
"Deixem-me dizer isto tão claramente quando possível: Sou candidato", afirmou Biden durante uma reunião virtual do Comité Nacional do Partido Democrata em que Biden entrou de forma inesperada. "Sou o líder do Partido Democrata. Ninguém me vai empurrar para fora. Não me vou embora. Estou nesta corrida até ao fim e vamos vencer".
As declarações do presidente foram veiculadas por vários órgãos de comunicação, incluindo Associated Press e Politico, que mantiveram a identidade das fontes no anonimato.
A vice-presidente Kamala Harris também participou na reunião e reiterou o seu empenho na campanha, procurando esmagar a discussão sobre se Biden deve desistir.
E quais as hipóteses (e apoios) de Biden?
Uma nova sondagem publicada pelo New York Times mostra que, após o debate, Donald Trump aumentou consideravelmente a sua vantagem sobre Joe Biden, tendo agora mais seis pontos percentuais: 49% contra 43% das intenções de voto.
A sondagem indica que 74% dos eleitores inquiridos estão preocupados com as capacidades de Joe Biden aos 81 anos, depois de este ter aparecido frágil e titubeante no debate.
Depois da intervenção de Biden não marcada, governadores demonstraram o seu apoio ao recandidato. O responsável pelo estado de Minnesota, Tim Walz, sublinhou que Biden "está apto" para continuar na corrida. Já a governadora de Nova Iorque, Kathy Hochul, garantiu que Joe Biden "estava na corrida para vencer".
Após a reunião, a governadora do estado de Michigan (nordeste), Gretchen Whitmer, disse na rede social X (antigo Twitter): "Joe Biden é o nosso candidato. Ele está cá para vencer e eu apoio-o".
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