Votação nas legislativas francesas lança dúvidas sobre futuro governo

As primeiras estimativas eleitorais que colocaram a aliança dos partidos de esquerda à frente do bloco de Macron e da extrema-direita nas legislativas francesas lançam dúvidas sobre um futuro governo.

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© LUDOVIC MARIN/AFP via Getty Images

Lusa
07/07/2024 19:51 ‧ 07/07/2024 por Lusa

Mundo

França

O partido de extrema-direita União Nacional (RN, na sigla francesa) deverá conseguir um número histórico de deputados eleitos (entre 115 e 155), mas longe do poder, com um resultado que contraria a vitória alcançada na primeira volta, que se realizou a 30 de junho.

As empresas de sondagem avançam com 172 a 215 deputados para a aliança de esquerda -- a Nova Frente Popular -- que inclui partidos que discordam em várias questões.

Um mês após a decisão do Presidente francês, Emmanuel Macron, de antecipar as eleições, o seu bloco mostrou uma resiliência inesperada nas urnas, podendo somar entre 150 a 180 deputados eleitos, em comparação com 250 em junho de 2022.

Um dos pilares fundamentais da União Europeia e a três semanas da abertura dos Jogos Olímpicos, a França está, por agora, sem certezas num escrutínio que mobilizou fortemente os eleitores, já que foi registada uma taxa de participação de cerca de 67%, a mais elevada desde 1981.

Sem atingir a marca dos 289 deputados, sinónimo de maioria absoluta, ou mesmo sem se aproximar dela, nenhum dos blocos partidários está em condições de formar um governo sozinho.

Enquanto se aguardam os números consolidados vão suceder-se as tomadas de posição dos principais líderes e intensas negociações, enquanto a tradução de um governo permanece incerta.

Mas a "frente republicana" construída entre as duas voltas destas eleições para limitar a vaga da extrema-direita que se esperava que dominasse o hemiciclo parece ter dado frutos, após 210 desistências de candidatos do campo presidencial ou da esquerda.

O país poderá também avançar para um governo técnico, como o que salvou a Itália da crise da dívida em 2011.

A próxima semana será marcada por uma série de negociações para os principais cargos da Assembleia Nacional francesa, antes da abertura da nova legislatura a 18 de julho.

As eleições legislativas francesas foram acompanhadas de perto e alguns parceiros europeus, liderados pela Alemanha, manifestaram repetidamente a sua preocupação com a ascensão da extrema-direita.

Outros, como a Itália de Giorgia Meloni e a Rússia de Vladimir Putin, manifestaram mais ou menos abertamente a sua satisfação.

Na primeira volta, a 30 de junho, a União Nacional (RN, sigla em francês), partido de extrema-direita de Marine Le Pen, conseguiu vencer pela primeira vez as eleições legislativas, ao obter 33,1% dos votos e quase duplicar o seu apoio desde que a França elegeu a sua Assembleia Nacional pela última vez, em 2022.

Seguiu-se a aliança de esquerda Nova Frente Popular (que junta socialistas, ecologistas e comunistas e é liderada pela França Insubmissa (LFI, partido de esquerda radical de Jean-Luc Mélenchon), com 28%.

Já o Ensemble (Juntos), agrupamento centrista e liberal encabeçado pelo Renascimento, partido do Presidente Emmanuel Macron, obteve 20%.

Leia Também: Lágrimas, apreensão e alguns gritos de "roubo" na sede do RN, em França

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