O Ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmytro Kuleba, reiterou que um acordo sobre o final do conflito na Ucrânia deve ser alcançado com a participação de Kyiv.
"A nossa posição é que não há acordos sobre a Ucrânia sem a Ucrânia", disse Dmytro Kuleba em declarações à televisão nacional ucraniana.
Em causa estão as conversações sobre um potencial acordo de paz na Ucrânia que envolveram o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, e o presidente russo, Vladimir Putin, na semana passada.
De lembrar que o atual presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, adiantou que a presidência húngara do Conselho da União Europeia (UE) "não tem mandato para se envolver com a Rússia em nome" dos 27 Estados-membros. Michel disse que o "Conselho Europeu é claro: a Rússia é o agressor, a Ucrânia a vítima".
Por sua vez, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, admitiu que Moscovo avalia de forma muito positiva "a vontade política de diálogo" demonstrada pelo primeiro-ministro húngaro.
"Encaramos isso de forma muito, muito positiva. Acreditamos que pode ser muito útil", disse Peskov, num comentário ao canal Shot Telegram, citado pela Tass.
Orbán viajou na sexta-feira para Moscovo dias depois de fazer a sua primeira visita a Kyiv desde o início da invasão russa da Ucrânia - que aconteceu em 24 de fevereiro de 2022. Esta foi a primeira reunião de um líder da UE com Putin em Moscovo desde abril de 2022.
Embora o próprio Orbán tenha indicado que não poderia falar em nome da UE, Bruxelas apressou-se em deixar claro que a visita do primeiro-ministro húngaro a Moscovo deve ser enquadrada "exclusivamente" no quadro das relações "bilaterais" entre a Hungria e a Rússia, posição também tomada pela NATO.
Orbán tem sido um crítico da ajuda militar ocidental a Kyiv e das sanções impostas à Rússia desde a invasão total da Ucrânia, há dois anos. "Não podemos sentar-nos e esperar que a guerra acabe miraculosamente", terá dito o governante húngaro.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros ucraniano divulgou uma declaração na segunda-feira, na qual reafirmou que a sua política "permanece inabalável" e apelou a "todos os Estados para que a observem estritamente".
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