Em conferência de imprensa a partir da sede nacional do PP e um dia depois de divulgada a decisão do Vox, Alberto Núñez Feijóo acusou o dirigente do Vox Santiago Abascal de impor a rutura após uma chantagem sobre o acolhimento de menores não acompanhados.
"Não mediram a decisão, foram longe de mais e descarrilaram", afirmou Feijóo, qualificando a manobra de "loucura" e defendendo que o PP não está disposto a "engolir nada" e "cumprirá sempre a lei e assumirá as responsabilidades como partido de Estado e de governo".
Tal como os presidentes regionais atingidos pela decisão do Vox - Castela e Leão, Valência, Extremadura, Aragão, Múrcia e Ilhas Baleares - Feijóo sublinhou que o PP continuará a garantir a estabilidade através de governos próprios.
Feijóo defendeu que o PP cumpre os acordos e que foi o partido de Santiago Abascal que mudou devido aos seus parceiros europeus - ao juntar-se ao grupo de Víctor Orbán (primeiro-ministro húngaro)- e às suas "preocupações eleitorais".
Com esta decisão, Feijóo acusou Abascal de ajudar o Presidente do Governo, Pedro Sánchez, num dos seus "piores momentos", por ter poupado as primeiras páginas socialistas aos alegados casos de corrupção que afetam o seu irmão e à imagem da sua mulher "no banco dos réus".
Também criticou o governo pela "falta de controlo sobre a migração" e queixou-se de que, enquanto em Espanha aumenta o número de migrantes, em Itália ou na Grécia o movimento diminui porque "esses países estão a fazer bem o seu trabalho e o Sr. Sánchez não".
O líder do PP não esclareceu a sua posição sobre a alteração da Lei da Imigração que pretende impor uma distribuição obrigatória de menores migrantes e que o PP das Ilhas Canárias ou de Ceuta apoia.
O governo de Pedro Sánchez congratulou-se com a saída do Vox dos cinco governos regionais em que governava com o PP e apelou ao PP para que dê agora um passo em frente e rompa com as políticas aprovadas com o partido de Santiago Abascal, bem como para que aceite a distribuição de menores migrantes por lei.
A decisão foi recebida com alegria e satisfação pelo próprio Sánchez e pelos membros do seu executivo, que lamentam, no entanto, que não tenha sido por iniciativa do PP.
"A Espanha é hoje um país melhor e, por isso, não posso esconder a minha alegria e felicidade (...) tudo está bem quando acaba bem", disse Sanchez, na quinta-feira, numa conferência de imprensa em Washington, onde se deslocou para participar na cimeira da NATO.
O presidente do governou considerou que o PP deve agora romper os acordos que tem com o Vox nas câmaras municipais e analisar se também está disposto a romper com as políticas aprovadas com este partido nas comunidades autónomas de Castela e Leão, Aragão, Valência, Extremadura e Múrcia.
A este respeito, considera que o principal partido da oposição tem o "teste do algodão" de mudar de rumo se aceitar a reforma da lei dos estrangeiros para que seja obrigatória a distribuição dos menores migrantes entre as comunidades.
A posição de Sánchez foi repetida hoje por outros membros do seu governo.
Por seu lado, a porta-voz do Governo, Pilar Alegría, assegurou que os socialistas farão uma oposição "construtiva" e "responsável" nos cinco governos regionais, nos quais alguns membros do Vox decidiram permanecer, ignorando assim a diretiva do seu partido.
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