Para além de considerar que a ilha de Taiwan deveria pagar mais pela proteção militar fornecida pelos EUA, o republicano também acusou Taipé de manter a sua indústria de semicondutores afastada dos Estados Unidos.
"Taiwan deveria pagar-nos pela defesa", disse Trump em entrevista à cadeia Bloomberg Businessweek. "Sabe, não somos diferentes de uma companhia de seguros".
As observações de Trump, divulgadas na terça-feira, assinalam uma rutura com a posição do Presidente Joe Biden, que por diversas vezes admitiu o envio de tropas para defender a ilha, e suscitaram incerteza face à abordagem do candidato republicano face a Taiwan, e quando o seu candidato a vice-presidente, JD Vance, considerou a China como a "maior ameaça" para os Estados Unidos.
Em Taiwan, o primeiro-ministro Cho Jung-tai respondeu que Taiwan "pretende assumir maior responsabilidade" e pode defender-se pelos seus meios.
"Enquanto continuarmos a demonstrar [a nossa posição] iremos receber o apoio de mais países", vaticinou Cho, que agradeceu a Washington as contínuas manifestações de preocupação pela segurança de Taiwan, indicou a agência noticiosa oficial Central News Agency.
Previamente, Cho tinha referido aos 'media' que "as relações Taiwan-EUA são sólidas há vários anos" e considerou que "a paz e a estabilidade no estreito de Taiwan e na região do Indo-Pacífico são uma responsabilidade e um objetivo comuns".
Na entrevista, Trump admitiu que não se sentia "muito seguro" sobre a situação no estreito de Taiwan, onde Pequim "tem sido muito agressivo e colocou navios por todo o lado". Sugeriu que a China poderia facilmente assumir o controlo da ilha, mas que não o fez devido à decisiva indústria de semicondutores taiwanesa.
"É a 'menina os olhos' do Presidente Xi", disse Trump, numa referência ao Presidente chinês Xi Jinping.
O antigo Presidente acusou Taiwan de "retirar a indústria de 'chips'" aos Estados Unidos e sugeriu que a ilha tem os meios necessários para pagar.
"Quero dizer, somos estúpidos? Retiraram-nos todo o nosso negócio de 'chips'. São imensamente ricos", disse Trump.
As observações de Trump mereceram críticas do deputado e empresário do Partido Democrata Raja Krishnamoorthi, que acusou o antigo Presidente de trair Taiwan.
"A ameaça do antigo Presidente Trump de abandonar os nossos longos e comuns compromissos com Taiwan significam trair uma das mais vibrantes democracias do mundo em benefício do Partido Comunista Chinês", disse Krishnamoorthi, membro do Comité da Câmara dos Representantes sobre a China.
Miles Yu, diretor do China Center no Hudson Institute, que no passado integrou a administração Trump, considerou por sua vez que o antigo Presidente "não disse que os EUA não vão defender Taiwan", mas antes que o Governo da ilha deveria partilhar de forma mais visível os custos de uma "defesa coletiva", um problema "de longe mais premente para Taiwan" face a outros aliados dos EUA na região.
Yu acrescentou que, em comparação com Biden, Trump irá privilegiar os meios de garantir uma política de dissuasão credível face a Taiwan, acrescentando que o líder dos republicanos já disse que "bombardearia" Pequim no caso de uma invasão da China a Taiwan.
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