Von der Leyen critica Orbán por ida a Moscovo

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que tenta hoje ser reeleita pelo Parlamento Europeu, voltou a criticar a deslocação do primeiro-ministro húngaro a Moscovo, falando numa "missão de apaziguamento" e não de paz.

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Lusa
18/07/2024 09:04 ‧ 18/07/2024 por Lusa

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Von der Leyen

"A Rússia está a contar que a Europa e o Ocidente se tornem brandos e alguns na Europa estão a alinhar. Há duas semanas, um primeiro-ministro da União Europeia [UE] deslocou-se a Moscovo. Esta chamada missão de paz não passou de uma missão de apaziguamento, tratou-se de uma missão de apaziguamento, pura e simplesmente", disse Ursula von der Leyen.

 

Intervindo perante os eurodeputados na sessão plenária, na cidade francesa de Estrasburgo, a líder do executivo comunitário, que tenta hoje ser reconduzida no cargo por mais cinco anos, criticou a deslocação de Viktor Orbán a Moscovo no início do mês, ocasião na qual se encontrou com o Presidente russo, Vladimir Putin, quando a Hungria assume a presidência rotativa da UE este semestre.

O primeiro-ministro húngaro justificou a visita no âmbito de uma missão de paz.

"Apenas dois dias depois [desta visita], os jatos de Putin apontaram os seus mísseis a um hospital pediátrico e a uma maternidade em Kiev [na Ucrânia], e todos nós vimos as imagens de crianças cobertas de sangue, vimos as mães a tentarem pôr em segurança jovens doentes com cancro", acrescentou Ursula von der Leyen, cujas palavras foram recebidas por aplausos no hemiciclo.

Segundo a líder do executivo comunitário, "esse ataque [russo] não foi um erro", mas sim "uma mensagem, uma mensagem arrepiante, do Kremlin para todos", quando se assinalam dois anos e meio da invasão russa da Ucrânia.

"Por isso, senhores deputados, a nossa resposta tem de ser igualmente clara: ninguém quer a paz mais do que o povo da Ucrânia, uma paz justa e duradoura para um país livre e independente e a Europa estará ao lado da Ucrânia durante o tempo que for necessário, esta é a nossa mensagem", vincou.

Neste discurso para apresentar a sua visão para uma eventual reeleição, Ursula von der Leyen adiantou: "Temos de investir mais na nossa segurança e defesa. A Rússia continua na ofensiva no leste da Ucrânia e está a apostar numa guerra de desgaste, em tornar o próximo inverno mais rigoroso do que o anterior".

Von der Leyen já havia criticado a viagem a Moscovo e há três dias indicou que não iria realizar a habitual visita do colégio ao país que assume a presidência rotativa da UE nem enviar comissários às reuniões informais em Budapeste.

A posição surge também dias depois de os embaixadores dos países junto da UE terem discutido o papel da presidência húngara rotativa do Conselho, perante uma preocupação crescente nas capitais sobre as polémicas deslocações de Orbán.

A 01 de julho, a Hungria assumiu a presidência rotativa do Conselho da UE, que vai liderar até final do ano, e desde então o primeiro-ministro húngaro já realizou deslocações oficiais à Ucrânia, à Rússia, ao Azerbaijão e países vizinhos e à China, tendo ainda mantido contactos com a Turquia.

As visitas, e sobretudo o encontro em Moscovo com o Presidente russo, Vladimir Putin, geraram várias críticas em Bruxelas e as garantias de que as iniciativas têm ocorrido no quadro das relações bilaterais e não em representação europeia.

Ursula von der Leyen apresenta hoje o seu programa e as suas propostas para uma eventual reeleição, visando um novo mandato de cinco anos.

Cabe ao Parlamento Europeu aprovar, após a proposta do Conselho Europeu feita no final de junho, o novo presidente da Comissão por maioria absoluta (metade de todos os eurodeputados mais um), com Ursula von der Leyen a ter de obter 'luz verde' de pelo menos 361 parlamentares (entre 720).

[Notícia atualizada às 09h09]

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