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Orbán quer "diálogo" com Rússia e China e lançar conferência de paz

O primeiro-ministro húngaro revelou hoje que propôs a reabertura dos canais diplomáticos entre União Europeia (UE) e Rússia, a par de dialogar com a China sobre "modalidades da próxima conferência de paz" para o conflito na Ucrânia.

Orbán quer "diálogo" com Rússia e China e lançar conferência de paz
Notícias ao Minuto

18:48 - 18/07/24 por Lusa

Mundo Guerra na Ucrânia

Sem propostas concretas para questões fundamentais nas negociações, como o futuro das regiões da Ucrânia invadidas e anexadas pela Rússia ou retirada das forças russas, o Governo da Hungria divulgou os detalhes de um plano para a resolução do conflito no território ucraniano, iniciado há mais de dois anos com a invasão ordenada por Vladimir Putin, Presidente russo.

 

No plano - divulgado, segundo sustentou Viktor Orbán na rede social X, na sequência da "divulgação de partes" do documento pelo presidente cessante do Conselho Europeu, Charles Michel - o primeiro-ministro da Hungria propõe, entre outros pontos, a "reabertura de linhas de comunicação diplomática com a Rússia e a reabilitação de contactos diretos na comunicação política" da UE, "mantendo os contactos políticos de alto nível com a Ucrânia".

Em simultâneo, Viktor Orbán quer "contactos políticos de alto nível" com Pequim "sobre as modalidades da próxima conferência de paz".

"[Proponho] o lançamento de uma ofensiva política coordenada para o sul global cuja apreciação perdemos a propósito da nossa posição em relação à guerra na Ucrânia, resultando num isolamento global da comunidade transatlântica", sugeriu Viktor Orbán.

O relatório surgiu na sequência de visitas que o primeiro-ministro húngaro fez à Ucrânia, Rússia e China logo após o início da presidência húngara do Conselho da UE, no início de julho, condenadas pelas instituições europeias e líderes europeus, levando mesmo a um boicote de eventos de Budapeste este semestre.

"A nossa estratégia europeia em nome da unidade transatlântica copiou a política pró guerra dos Estados Unidos. Não houve uma estratégia europeia soberana e independente ou plano de ação política até hoje. Proponho que discutamos se a manutenção desta política no futuro é racional", criticou Orbán, considerado o único líder europeu e ocidental abertamente próximo do Presidente russo, Vladimir Putin.

Viktor Orbán foi também o único líder europeu que se encontrou com Putin desde o início da invasão russa, em 24 de fevereiro de 2022, e em diversas ocasiões ameaçou bloquear definitivamente o apoio prestado pela UE à Ucrânia. É também um crítico acérrimo da estratégia de auxílio europeu, que apelidou de "fracasso" no passado.

Perante as recentes polémicas, algumas bancadas parlamentares (como os liberais) sugeriram encurtar estes seis meses de presidência e passar já a rotatividade da presidência do Conselho da UE à Polónia, que seria a seguir, enquanto alguns Estados-membros (nomeadamente os bálticos) estão a decidir ser representados por funcionários e não por governantes nas reuniões informais em Budapeste, como forma de protesto.

Portugal tem optado por enviar secretários de Estado para as reuniões informais em Budapeste (já se realizaram de Mercado Interno e Indústria, de Ambiente e de Energia).

Na terça-feira, Charles Michel lembrou o primeiro-ministro húngaro que a presidência rotativa da União Europeia (UE) "não tem qualquer papel na representação na cena internacional", após a polémica viagem de Viktor Orbán à Rússia.

"A presidência rotativa do Conselho não tem qualquer papel na representação da União na cena internacional e não recebeu qualquer mandato do Conselho Europeu para atuar em nome da União. Deixei isto claro mesmo antes da sua visita a Moscovo, o que foi de seguida reiterado pelo alto representante [para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, Josep] Borrell na sua declaração de 05 de julho", afirmou Michel numa missiva hoje enviada a Orbán e à qual a agência Lusa teve acesso.

Uma semana depois de o primeiro-ministro húngaro ter garantido ao presidente do Conselho Europeu que não foi à Rússia em nome da UE, mas para conhecer "em primeira mão" a visão russa sobre paz na Ucrânia, após a guerra iniciada pela Rússia em fevereiro de 2022, Michel escreveu a Orbán para fazer "observações e esclarecer as coisas".

"Em primeiro lugar, a posição da UE sobre a Ucrânia é acordada por consenso pelo Conselho Europeu e foi confirmada mais recentemente em junho. Nós, a UE, reiterámos o nosso compromisso inabalável de apoiar a Ucrânia e o seu povo durante o tempo que for necessário e com a intensidade que for necessária e prestámos apoio à Ucrânia para se defender da guerra de agressão da Rússia e para proteger a segurança europeia", vincou.

Acresce que "não posso aceitar a sua afirmação de que conduzimos uma 'política pró-guerra'", acrescentou o responsável, vincando que "se passa é exatamente o contrário", isto é, "a Rússia é o agressor e a Ucrânia é a vítima que exerce o seu legítimo direito à autodefesa".

Além disso, "nenhuma discussão sobre a Ucrânia pode ter lugar sem a Ucrânia" e "o caminho mais direto para a paz é a Rússia retirar todas as suas forças da Ucrânia e respeitar a integridade territorial da Ucrânia e a Carta das Nações Unidas", adiantou Charles Michel na carta acedida pela Lusa.

Leia Também: Zelensky diz que Putin falhou objetivo de dividir a Europa e critica Orbán

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