Tensão entre Hutis e Israel adensa-se. O que aconteceu e está em causa?
Um dia após os Hutis terem assumido responsabilidade por um ataque com drones que matou uma pessoa em Telavive, vários ataques aéreos atingiram o porto de Hodeida.
© Mohammed Hamoud/Getty Images
Mundo Israel
A tensão entre Israel e o Hutis, que tem vindo a criar-se desde novembro, altura em que os rebeldes xiitas do Iémen começaram a realizar ataques contra navios ligados a Israel, alegando estar a agir em solidariedade com os palestinianos em Gaza, adensou-se no sábado.
Um dia após os Hutis terem assumido responsabilidade por um ataque com drones que matou uma pessoa em Telavive, vários ataques aéreos atingiram o porto de Hodeida, na costa do Iémen, que está sob controlo dos rebeldes Hutis, atingindo as "instalações de armazenamento de combustível" do porto da cidade.
O porta-voz das Forças de Defesa de Israel (FDI), Daniel Hagari, disse que Israel assumiu a responsabilidade pelos ataques em Hodeida, "em resposta às centenas de ataques contra o Estado de Israel nos últimos meses", disse.
Pelo menos três pessoas morreram e mais de 80 ficaram feridas na sequência dos ataque e os rebeldes xiitas prometeram uma "resposta eficaz".
Mais tarde, no mesmo dia, houve relatos de explosões na cidade israelita de Eilat, alegadamente em resposta a um ataque de Israel no porto de Hodeida, no Iémen. No entanto, o exército de Israel aclarou que "a partir de uma investigação, parece que nenhum tiro foi disparado na área da cidade e, consequentemente, nenhum intercetador foi lançado".
O porta-voz militar dos Hutis, Yahya Sarea, disse, num comunicado, que o movimento apoiado pelo Irão lançou a barragem de mísseis contra "alvos importantes" na cidade de Eilat, que não especificou, afirmando que a operação foi levada a cabo "com sucesso".
Por sua vez, já este domingo, Israel admitiu ter intercetado um míssil proveniente do Iémen que "se aproximava" do país. O míssil "não entrou em território israelita. As sirenes (...) foram ativadas devido à possibilidade de queda de estilhaços. O incidente terminou", indicou o exército israelita, em comunicado.
Ministro da Defesa israelita admite novos ataques no Iémen
O ministro da Defesa israelita admitiu que Israel não vai parar, ameaçando novos ataques contra todos os que "fizerem mal a um cidadão israelita".
"O fogo que lavra atualmente no Iémen é visível em todo o Médio Oriente. A primeira vez que os Hutis fizeram mal a um cidadão israelita, nós atacámo-los. Fá-lo-emos em qualquer lugar onde seja necessário", afirmou o ministro Yoav Gallant.
Netanyahu pediu "apoio" à comunidade internacional
Em meio de tensões com os Hutis, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, pediu à comunidade internacional que apoie "a luta de Israel contra o Irão e as suas metástases", depois de ter ordenado o bombardeamento à cidade do Iémen controlada pelos rebeldes xiitas Hutis.
Numa mensagem vídeo, Netanyahu procura apoio internacional, afirmando que "qualquer pessoa que queira ver um Médio Oriente estável e seguro deve opor-se ao 'eixo do mal' do Irão", que, no seu entender, inclui o Iémen, Gaza ou Líbano.
Hezbollah alerta que ataque no Iémen abre "nova fase perigosa"
O movimento xiita libanês Hezbollah alertou que os ataques israelitas contra os Hutis, os seus aliados iemenitas, abrem uma "nova fase perigosa" no Médio Oriente, nove meses após o início da guerra na Faixa de Gaza.
"A ação estúpida levada a cabo pelo inimigo sionista anuncia uma nova fase perigosa nos confrontos em toda a região", afirmou em comunicado o Hezbollah, grupo apoiado pelo Irão, à semelhança dos rebeldes Hutis do Iémen e do islamita Hamas da Palestina.
O que está em causa?
Recorde-se que desde o início do ano, os EUA e o Reino Unido têm realizado numerosos bombardeamentos aéreos contra posições dos rebeldes apoiados por Teerão - no Iémen, de onde os Hutis lançam mísseis e ataques de drones contra navios nos mares Vermelho e Arábico.
Estas ações conduziram a uma grave redução do tráfego numa das rotas comerciais mais importantes do mundo.
Os Hutis justificam as suas ações com solidariedade para com os palestinianos e em resposta à guerra israelita na Faixa de Gaza, na qual já morreram mais de 38 mil pessoas e onde se regista uma crise humanitária de grandes proporções, segundo as autoridades locais.
Em dezembro, os Estados Unidos, aliados de Israel, criaram uma força multinacional para proteger a navegação nesta zona estratégica e, desde janeiro, com a ajuda de Londres, lançaram numerosos ataques contra os Hutis no Iémen.
O atual conflito de Gaza iniciou-se a 7 de outubro após um ataque dos islamitas palestinianos do Hamas, que matou 1.200 pessoas e resultou em cerca de 250 reféns, conforme divulgado por Israel.
[Notícia atualizada às 13h09]
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