O jornalista Andrea Joly, do italiano "La Stampa", foi agredido por militantes de extrema-direita, que o espancaram quando tentava documentar um encontro de elementos do grupo neofascista Casa Pound, em Turim, no norte de Itália, afirmou hoje o jornal.
Na reação ao sucedido, associações e partidos políticos pediram hoje a intervenção do Governo de coligação de partidos de direita e extrema-direita liderado por Giorgia Meloni, por forma a dissolver grupos neofascistas, denunciando também um clima de "impunidade" no país.
"Preocupa-me muito o clima de impunidade que continua a existir face a acontecimentos tão grandes. O que mais temos de esperar para que organizações neofascistas sejam dissolvidas, como diz a Constituição?", perguntou Elly Schlein, líder do Partido Democrata (PD), principal força da oposição.
A líder do PD pediu à primeira-ministra Giorgia Meloni e ao Governo para que "intervenham imediatamente".
Em reação, Meloni condenou o ataque "inaceitável" em Turim, exprimindo "solidariedade" com a jornalista Andrea Joly.
"(É) um ato de violência que condeno fortemente e (...) espero que os responsáveis sejam identificados o mais rapidamente possível. A atenção do governo é total e pedi ao ministro do Interior [Matteo] Piantedosi que me mantenha atualizada sobre os desenvolvimentos no caso", disse Meloni, cujo partido Irmãos de Itália tem destacados elementos ligados a meios neofascistas.
Antes, a Associação Nacional dos Partisans de Itália considerou ser "hora de dissolver organizações neofascistas", exigindo o fecho do centro neofascista de Turim e da central operativa da Casa Pound em Roma.
O Movimento Cinco Estrelas considerou a agressão "um incidente grave e inaceitável", vincando que este não é "um caso isolado".
"Os alarmes sobre algumas tendências antidemocráticas no nosso país já soaram por várias vezes", referiu o líder do movimento e ex-primeiro-ministro, Giuseppe Conte, pedindo uma intervenção para "pôr fim a estes surtos delirantes".
O porta-voz da Aliança Verde-Esquerda, Angelo Bonelli, também condenou o ataque e dirigiu-se ao ministro do Interior, Matteo Piantedosi, para perguntar pelo que "espera para intervir".
"Dissolva imediatamente estas organizações criminais, que representam uma ameaça real para a segurança e para a democracia", asseverou.
A agressão aconteceu na noite de sábado, quando alguns militantes do grupo Casa Pound realizavam uma festa e abordaram o jornalista Andrea Joly, que estava a gravar com o seu telemóvel.
Segundo o jornal La Stampa, os agressores ordenaram ao jornalista que este entregasse o seu telemóvel, ameaçaram-no e agrediram-no.
Quando o jornalista caiu ao chão, pontapearam-no, causando ferimentos que o obrigaram a receber tratamento médico no hospital.
A polícia informou que está a investigar o sucedido.
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