Depois de Joe Biden, também o casal Bill e Hillary Clinton deram o seu apoio público à candidatura de Kamala a Presidente pelo Partido Democrata, enquanto o partido ainda digere o anúncio da desistência do atual chefe de Estado e inicia um processo sem precedentes de mudar o seu candidato a pouco mais de 100 dias das eleições.
Segundo a cadeia norte-americana CNN, Joe Biden, que está em convalescença de covid-19 na sua casa no estado do Delaware, tomou a decisão de desistir nas últimas 48 horas e comunicou-a a alguns dos seus mais diretos colaboradores apenas "momentos" antes de a anunciar publicamente. A própria Kamala Harris terá sido informada apenas durante o dia, segundo a mesma fonte.
Os elogios à decisão e à figura de Biden foram quase unânimes, mas muitos fizeram como Barack Obama e foram contidos, para já, no apoio a Kamala. Foi o caso dos líderes democratas no Senado, Chuck Schumer, e na Câmara dos Representantes, Hakeem Jeffries.
Também a ex-presidente do Congresso, a influente Nancy Pelosi, não anunciou apoio a Kamala.
A desistência de Joe Biden a uma reeleição no cargo, hoje anunciada, acontece um mês antes da convenção dos Democratas, na qual deverá ser escolhido novo candidato. A convenção está marcada de 19 a 22 de agosto, em Chicago, e o que deveria ser uma confirmação de Joe Biden na corrida à Casa Branca transformou-se num "concurso aberto", como escreveu a Associated Press, no qual 4.700 delegados vão votar num candidato para defrontar o republicano Donald Trump nas presidenciais de novembro.
Alguns democratas têm vindo a defender um processo "aberto", em alternativa à substituição automática de Biden pela sua número dois, caso dos congressistas Scott Wong, Julie Tsirkin, Peter Welch, Jon Tester ou Joe Manchin, este atualmente independente.
Do lado de Kamala colocaram-se imediatamente alguns grupos de congressistas ('caucus'), caso do afro-americano, que ofereceu apoio "total" à candidatura, e do que reúne os progressistas (mais à esquerda).
"Milhões de americanos votaram em Joe Biden e Kamala Harris nas primárias. A vice-presidente Harris provou repetidamente que pode afirmar-se como alternativa a Donald Trump e fazer uma campanha vigorosa pelos democratas nas urnas", disse em comunicado a deputada Pramila Jayapal, presidente do ´caucus' progressista.
O Comité Nacional Democrata (CND) afirmou hoje que, embora a renúncia de um candidato à presidência a pouco mais de três meses das eleições "não tenha precedentes", terá início nos próximos dias um processo "transparente e ordenado" para substituir Joe Biden como candidato.
"O trabalho que devemos realizar agora, embora não tenha precedentes, é claro. Nos próximos dias, o Partido empreenderá um processo transparente e ordenado para avançar como um Partido Democrata unido com um candidato que possa derrotar (o ex-Presidente e candidato republicano) Donald Trump em novembro", apontou em comunicado o presidente do CND, Jaime Harrison.
Este processo, acrescentou, será regido pelas regras e procedimentos estabelecidos pelo Partido Democrata, num momento em que os delegados "estão dispostos a levar a sério a sua responsabilidade de apresentar rapidamente um candidato ao povo americano".
"Os democratas estão unidos e preparados na sua determinação de ganhar em novembro. Enquanto avançamos para selecionar formalmente o candidato do nosso Partido, os nossos valores como democratas permanecem os mesmos: reduzir custos, restaurar as liberdades, proteger os direitos de todas as pessoas e salvar a nossa democracia da ameaça de uma ditadura", disse Harrison.
Dentro de "pouco tempo", acrescentou, o povo norte-americano ouvirá o Partido Democrata "sobre os próximos passos e o caminho a seguir para o processo de nomeação".
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