Líder do movimento no Bangladesh pede suspensão dos protestos por 48h
O líder do principal movimento estudantil no Bangladesh suspendeu hoje durante 48 horas as manifestações contra as quotas de recrutamento para a função pública, que provocou uma onda de violência no país nas últimas semanas.
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Mundo Bangladesh
"Estamos a suspender as manifestações durante 48 horas", disse à agência de notícias AFP Nahid Islam, líder do principal movimento organizador das manifestações, o Estudantes Contra a Discriminação.
O líder estudantil pediu ao Governo paquistanês "que levante o recolher obrigatório durante esse período, que seja restabelecido o acesso à internet e o fim dos ataques aos manifestantes estudantis".
O movimento Estudantes Contra a Discriminação tinha anunciado no domingo que iria o movimento contra as quotas de recrutamento na função pública.
Mais de 500 pessoas, incluindo líderes da oposição, foram detidas em Daca após os protestos violentos nos últimos dias contra as quotas de recrutamento para a função pública, declarou hoje a polícia bengali.
"Pelo menos 532 pessoas foram detidas após os atos violentos", disse à agência de notícias AFP, o porta-voz da polícia de Daca, Faruk Hossain.
"Entre esses, estão líderes do BNP", acrescentou o Partido Nacional do Bangladesh, uma formação política da oposição.
O vencedor do Prémio Nobel da Paz Muhammad Yunus, de 83 anos, apelou hoje à comunidade internacional para colocar um fim à violência no país.
"Apelo urgentemente aos líderes internacionais e às Nações Unidas para que façam tudo o que estiver ao seu alcance para acabar com a violência sofrida por aqueles que exercem o seu direito de protestar", disse ao economista num comunicado.
O Supremo Tribunal do Bangladesh anulou no domingo uma decisão judicial que permitia a atribuição de empregos públicos aos filhos dos veteranos de guerra, um privilégio que provocou grandes protestos de estudantes e uma onda de violência.
Numa audiência especial, realizada devido à violência nas ruas que já causou mais de uma centena de mortos, o Supremo Tribunal decidiu anular a decisão do Tribunal Superior de Daca, proferida no mês passado, que permitia ao Governo conceder um terço dos empregos aos descendentes dos combatentes da guerra de libertação do Bangladesh (1971), informaram vários canais de televisão do país.
No domingo, o Governo do Bangladesh decidiu prolongar o recolher obrigatório, enquanto as comunicações no país continuam cortadas, numa tentativa de conter os distúrbios decorrentes dos protestos estudantis.
As manifestações quase diárias convocadas no início de julho principalmente por estudantes destinam-se a obter o fim das quotas de admissão no funcionalismo público, que favorecem as elites próximas do poder.
Os protestos subiram de tom nos últimos dias e representam o maior desafio para a primeira-ministra, Sheikh Hasina, desde que conquistou o quarto mandato consecutivo, em janeiro, num ato eleitoral boicotado pelos principais grupos de oposição.
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