"Nos próximos dias, o partido empreenderá um processo transparente e ordenado para avançar", assegurou Harrison num comunicado.
"Este processo será regido pelas regras e procedimentos estabelecidos pelo partido. Os nossos delegados estão preparados para levar a sério a sua responsabilidade de entregar rapidamente um candidato ao povo americano", acrescentou, depois de líderes do Partido Republicano terem colocado em questão a forma os democratas estão a escolher o adversário do ex-Presidente Donald Trump.
O comentário também reflete a realidade de que, embora a vice-Presidente Kamala Harris esteja a emergir como a favorita para se tornar a candidata do partido -- já apoiada por Biden e por muitos democratas -- o processo não é assim tão simples.
Alguns membros do partido já tinham começado a discutir em privado os planos de contingência para a possibilidade de Biden se afastar antes da sua decisão de o fazer formalmente, no domingo, e um comité que define as regras do partido para a Convenção Nacional Democrata, que abre no dia 19 de agosto em Chicago, reunir-se-ão virtualmente na tarde de quarta-feira para discutir os próximos passos.
Harris tem de garantir formalmente a nomeação dos cerca de 4.700 delegados democratas da convenção -- incluindo os prometidos a Biden, bem como as autoridades eleitas, ex-presidentes e outros líderes do partido conhecidos como super-delegados.
Biden venceu as primárias democratas em todos os estados e Harris estava na candidatura como candidata a vice.
O facto de a ter escolhido como sua sucessora enquanto se retirava da corrida fortalece ainda mais esta hipótese, assim como o apoio de pesos pesados do partido, como o congressista Jim Clyburn, da Carolina do Sul.
Outros importantes democratas apoiaram abertamente a vice-presidente antes mesmo de Biden abandonar a sua candidatura à reeleição, instando-o a "passar-lhe o testemunho" após o seu fraco desempenho no debate contra Trump, no mês passado.
"As pessoas estarão a avaliar e devem fazê-lo. Penso que estamos a ver muita união em torno da vice-Presidente", argumentou Rahna Epting, diretora executiva da organização progressista MoveOn.
Contudo, as regras democratas apenas estabelecem que os delegados "em sã consciência" votam no candidato que foram eleitos para representar e alguns membros do partido já revelaram que preferiam ter a escolha do candidato num processo de nomeação aberto, permitindo a existência de outras candidaturas.
Por outro lado, sem um apoio forte à volta de Harris, os democratas podem chegar à sua convenção sem um candidato claro, criando um ambiente político mais incerto, para um partido que tem pouco mais de cem dias para conseguir convencer os eleitores.
A complicar ainda mais a situação está o facto de o Partido Democrata ter planeado realizar uma votação virtual para escolher o seu nomeado antes da convenção, a fim de cumprir as regras de elegibilidade para o voto em Ohio.
Alguns especialistas temem que o partido possa enfrentar desafios legais no Ohio se não nomear o candidato do partido antes do prazo original do estado, que aponta para o dia 07 de agosto.
Mas o comité de regras da convenção disse que não definirá uma data para a votação virtual -- que poderá ocorrer durante vários dias -- antes de 01 de agosto.
Alguns democratas temem uma série de outros desafios legais vindos do Partido Republicano.
A congressista nova-iorquina Alexandria Ocasio-Cortez - que defendeu a permanência de Biden na corrida, argumentando que a sua substituição poderia desencadear "uma eleição presidencial a ser decidida por Clarence Thomas e pelo Supremo Tribunal" -- já avisou para os riscos políticos e legais deste cenário.
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