Influenciadores digitais como Andrew Tate estão a radicalizar os rapazes para uma misoginia extrema de uma forma que é "bastante aterradora", alerta a polícia britânica.
Maggie Blyth, agente sénior, afirmou que os rapazes e os jovens podem ser radicalizados da mesma forma que os terroristas atraem seguidores.
O Conselho Nacional dos Chefes de Polícia, citado pela BBC, descreve a questão como uma "emergência nacional" no seu relatório sobre a violência contra as mulheres e as raparigas.
O NPCC calculou que pelo menos uma em cada 12 mulheres em Inglaterra e no País de Gales seria vítima de violência todos os anos - ou seja, cerca de dois milhões de mulheres. E o problema tem vindo a aumentar, com "tipos de infração mais complicados".
Maggie Blyth afirmou que os agentes que se dedicavam à violência contra as mulheres e raparigas estavam agora a trabalhar com as equipas antiterroristas para analisar o risco de radicalização dos jovens.
"Sabemos que parte disto também está ligado à radicalização dos jovens online. Sabemos que os influenciadores, Andrew Tate em especial, influencia em particular dos rapazes. É bastante assustador e isso é algo que tanto os responsáveis pelo contraterrorismo no país como nós próprios, numa perspetiva VAWG [violência contra mulheres e raparigas], estamos a discutir", afiançou.
Tate é um polémico influenciador britânico-americano e autoproclamado "misógino" que ganhou fama depois de aparecer no Big Brother em 2016.
Está atualmente a aguardar julgamento na Roménia por alegações de violação, tráfico de seres humanos e formação de um grupo criminoso para explorar sexualmente mulheres - acusações que nega.
Escolas de todo o Reino Unido, disseram anteriormente à BBC que estavam a encontrar um número crescente de alunos que admiravam Andrew Tate.
O relatório publicado esta terça-feira, afirma que a violência contra as mulheres e as raparigas atingiu níveis "epidémicos".
O relatório estimava que um em cada 20 adultos - ou seja, 2,3 milhões de pessoas - eram autores de violência contra mulheres e raparigas todos os anos, concluindo que houve um aumento de 37% no número de crimes violentos contra mulheres e raparigas entre 2018 e 2023.
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