"Até meados de agosto, vamos concentrar-nos nos Jogos e depois, a partir daí (...), será da minha responsabilidade nomear um primeiro-ministro ou uma primeira-ministra e confiar-lhe a tarefa de formar um governo e reunir o maior número possível de pessoas para lhe permitir agir e garantir a estabilidade", disse Emmanuel Macron numa entrevista televisiva à France 2.
Na mesma entrevista, o Presidente francês ignorou a candidatura a primeira-ministra da funcionária pública Lucie Castets, de 37 anos, apresentada momentos antes pela coligação de esquerda Nova Frente Popular, ao assegurar que "não há uma maioria" de esquerda na Assembleia Nacional francesa (parlamento).
"A questão não é essa", disse o Presidente francês, que tem o poder de nomear o primeiro-ministro, referindo que "a questão é saber que tipo de maioria pode haver na Assembleia para que um governo francês seja capaz de aprovar reformas, aprovar orçamentos de Estado e fazer avançar o país".
O chefe de Estado deu como exemplo a candidatura conjunta da Nova Frente Popular à presidência da Assembleia Nacional francesa, com o candidato comunista André Chassaigne, que perdeu para a anterior presidente macronista Yael Braun-Pivet.
O anúncio do nome de Lucie Castets surge 16 dias após as eleições legislativas antecipadas em França, que deram uma vitória apertada à esquerda, sem maioria, à frente do grupo centrista do Presidente francês, Emmanuel Macron, e da extrema-direita da União Nacional (RN, na sigla em francês).
Para o Presidente francês, a lição das eleições legislativas antecipadas é que nenhum partido "pode implementar o seu programa", pelo que apelou às forças que se uniram contra a União Nacional (RN, extrema-direita) nas eleições legislativas, a Nova Frente Popular, o centro macronista e a direita conservadora, para que trabalhem em conjunto.
Macron aceitou a demissão do primeiro-ministro Gabriel Attal, que atualmente se encontra a tratar dos assuntos correntes do Estado, sem ter ficado estabelecido um prazo para a nomeação de um novo chefe de governo, numa altura em que o país se prepara para receber os Jogos Olímpicos, cuja cerimónia de abertura está marcada para sexta-feira, 26 de julho.
Para o Presidente francês, o evento desportivo vai permitir "abrir uma nova página", depois de várias semanas marcadas pela crise política provocada pela dissolução da Assembleia Nacional francesa.
"Precisamos de voltar a entusiasmar-nos, de nos unirmos em torno de uma França que acolhe o mundo, estes Jogos Olímpicos e Paralímpicos, e penso que todos veremos, a partir de sexta-feira à noite, porque é que valeu a pena", referiu.
Esta foi a primeira entrevista de Emmanuel Macron desde que convocou eleições legislativas antecipadas, a 09 de junho, com a vitória esmagadora da extrema-direita nas eleições europeias.
[Notícia atualizada às 22h05]
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