Tubarões testaram positivo a cocaína... mas como? E quais os perigos?

Foram encontradas concentrações de cocaína 100 vezes superiores em tubarões no Rio de Janeiro do que noutros animais aquáticos. Mas os animais sentiram os efeitos? E como ficaram tão contaminados? E em relação a eventuais riscos para os humanos? Entenda a situação.

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© Carla Isobel Elliff/Fishbase

Notícias ao Minuto
24/07/2024 16:45 ‧ 24/07/2024 por Notícias ao Minuto

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A notícia de que foi detetada cocaína em 13 tubarões 'cariocas' ganhou espaço na imprensa internacional esta semana.

 

A informação foi revelada num estudo realizado pelo Instituto Oswaldo Cruz, que deu conta de que os animais testaram positivo para a presença da droga numa concentração 100 vezes mais alta do que o registado anteriormente noutros animais aquáticos. Os animais foram recolhidos junto ao bairro do Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio de Janeiro.

Este é o primeiro estudo a encontrar a presença de cocaína em tubarões selvagens. Os investigadores descobriram a substância nos músculos e fígado dos animais, mas que era mais prevalente no tecido muscular do que no órgão.

Tubarões na costa do Brasil testam positivo para presença de cocaína

Tubarões na costa do Brasil testam positivo para presença de cocaína

Todos os exemplares, que viviam em zonas costeiras e estavam mais suscetíveis à poluição, testaram positivo para a presença de cocaína numa concentração 100 vezes mais alta do que o registado anteriormente noutros animais aquáticos.

Notícias ao Minuto | 09:58 - 23/07/2024

Mas como é que os animais se tornaram 'consumidores'?

Os especialistas apontam que a principal hipótese para a presença da droga no organismo é a contaminação e não a ingestão. O documento lembra que o narcotráfico também é feito por via marítima e que, apesar de haver pacotes de droga que ficam perdidos na água, a droga deverá estar a chegar aos animais pela água em si e pela alimentação.

O estudo diz ainda que a exposição à droga pode estar a acontecer devido aos sistemas de esgotos - a partir das excreções humanas de consumidores de cocaína, que acabam nestas águas.

E os animais ficam drogados?

Nos humanos, o consumo desta droga leva a que as pessoas sofram efeitos de taquicardia, sentindo agitação e também espasmos. Os investigadores referem que não há forma de saber se os mesmos efeitos são sentidos pelos animais, mas acreditam que haja consequências, nomeadamente, em relação à reprodução.

"É necessário realizar estudos específicos para determinar as consequências exatas dessa contaminação nos animais. Acredita-se que pode haver impacto no crescimento, na maturação e, potencialmente, na fecundidade dos tubarões, uma vez que o fígado atua no desenvolvimento de embriões", explicou Rachel Ann Hauser-Davis, uma das autoras da investigação.

E quais os perigos para os humanos?

Segundo o que indicam, a contaminação da água não afeta os humanos. "O contato do banhista com a água é esporádico e ele também não utiliza a água do mar para se alimentar ou beber. Por isso, acreditamos que o risco para o ser humano seja mínimo", sublinhou Enrico Mendes Saggioro, um outro investigador.

Mas se o contacto com a água não representa um risco significativo, o consumo destes animais é motivo para alerta. Segundo Rachel Ann Hauser-Davis, estes animais são muitas vezes comercializados de forma ilegal, e vendidos como cação.

Mas também para medir este risco são precisos mais estudos.

Leia Também: Tubarões na costa do Brasil testam positivo para presença de cocaína

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