A notícia de que foi detetada cocaína em 13 tubarões 'cariocas' ganhou espaço na imprensa internacional esta semana.
A informação foi revelada num estudo realizado pelo Instituto Oswaldo Cruz, que deu conta de que os animais testaram positivo para a presença da droga numa concentração 100 vezes mais alta do que o registado anteriormente noutros animais aquáticos. Os animais foram recolhidos junto ao bairro do Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio de Janeiro.
Este é o primeiro estudo a encontrar a presença de cocaína em tubarões selvagens. Os investigadores descobriram a substância nos músculos e fígado dos animais, mas que era mais prevalente no tecido muscular do que no órgão.
Mas como é que os animais se tornaram 'consumidores'?
Os especialistas apontam que a principal hipótese para a presença da droga no organismo é a contaminação e não a ingestão. O documento lembra que o narcotráfico também é feito por via marítima e que, apesar de haver pacotes de droga que ficam perdidos na água, a droga deverá estar a chegar aos animais pela água em si e pela alimentação.
O estudo diz ainda que a exposição à droga pode estar a acontecer devido aos sistemas de esgotos - a partir das excreções humanas de consumidores de cocaína, que acabam nestas águas.
E os animais ficam drogados?
Nos humanos, o consumo desta droga leva a que as pessoas sofram efeitos de taquicardia, sentindo agitação e também espasmos. Os investigadores referem que não há forma de saber se os mesmos efeitos são sentidos pelos animais, mas acreditam que haja consequências, nomeadamente, em relação à reprodução.
"É necessário realizar estudos específicos para determinar as consequências exatas dessa contaminação nos animais. Acredita-se que pode haver impacto no crescimento, na maturação e, potencialmente, na fecundidade dos tubarões, uma vez que o fígado atua no desenvolvimento de embriões", explicou Rachel Ann Hauser-Davis, uma das autoras da investigação.
E quais os perigos para os humanos?
Segundo o que indicam, a contaminação da água não afeta os humanos. "O contato do banhista com a água é esporádico e ele também não utiliza a água do mar para se alimentar ou beber. Por isso, acreditamos que o risco para o ser humano seja mínimo", sublinhou Enrico Mendes Saggioro, um outro investigador.
Mas se o contacto com a água não representa um risco significativo, o consumo destes animais é motivo para alerta. Segundo Rachel Ann Hauser-Davis, estes animais são muitas vezes comercializados de forma ilegal, e vendidos como cação.
Mas também para medir este risco são precisos mais estudos.
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