"Trata-se de uma questão difícil. Do ponto de vista jurídico é um problema, mas do ponto de vista prático, estamos abertos a alcançar os nossos objetivos através de negociações. Portanto, são possíveis várias variantes", declarou o porta-voz presidencial.
A legitimidade de Zelensky à frente da Presidência da Ucrânia tem sido uma questão levantada pela Rússia, que argumenta que o mandato do governante ucraniano terminou no passado dia 20 de maio.
O porta-voz russo afirmou que além dos "problemas de legitimidade de Zelensky", existe também "o problema da proibição de estabelecer qualquer contacto ou negociação com o lado russo, pois essa proibição permanece em vigor".
"Portanto, ainda há muito para esclarecer e precisamos de ouvir algumas explicações", afirmou Peskov.
Na sequência das recentes declarações de Zelensky sobre a sua disponibilidade para negociar uma solução pacífica para a guerra na Ucrânia, o porta-voz da presidência russa sublinhou que "a Rússia está geralmente aberta ao processo de negociações, mas é necessário perceber até que ponto o lado ucraniano está preparado".
"Para já, como podem ver, ouvimos declarações muito diferentes, até agora as coisas não estão muito claras", acrescentou.
Na quarta-feira, Peskov recordou que o Presidente russo, Vladimir Putin, tinha afirmado que "Zelensky perdeu a legitimidade" após o fim do seu mandato, o que "é um fator que pode dificultar consideravelmente o processo de paz".
O porta-voz sublinhou ainda que a Rússia irá garantir a defesa dos seus interesses e a segurança em qualquer caso, seja através das negociações ou das armas.
"A operação militar especial foi iniciada como um recurso extremo para atingir os nossos objetivos", disse Peskov, frisando que "qualquer guerra termina com negociações de paz".
Nos últimos dias, Zelensky reforçou a necessidade de negociações para colocar fim à guerra o mais rápido possível.
O Presidente ucraniano manteve recentemente contactos com representantes políticos favoráveis a um cessar-fogo imediato, como o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, o candidato republicano à Presidência dos Estados Unidos, Donald Trump, ou o secretário de Estado do Vaticano, Pietro Parolin.
O ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmytro Kuleba, deslocou-se esta semana à China para abordar potenciais conversações de paz entre a Ucrânia e a Rússia.
A Ucrânia tem contado com ajuda financeira e em armamento dos aliados ocidentais desde que a Rússia invadiu o país, em 24 de fevereiro de 2022.
Os aliados de Kiev também têm decretado sanções contra setores-chave da economia russa para tentar diminuir a capacidade de Moscovo de financiar o esforço de guerra na Ucrânia.
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