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Polémica entre Varsóvia e Budapeste revela diferenças face a Moscovo

Uma polémica diplomática entre a Polónia e a Hungria no fim de semana revelou as profundas tensões existentes na Europa sobre a forma de lidar com a Rússia, que está em guerra contra a Ucrânia.

Polémica entre Varsóvia e Budapeste revela diferenças face a Moscovo
Notícias ao Minuto

00:03 - 30/07/24 por Lusa

Mundo Varsóvia/Budapeste

A Polónia, tal como a Alemanha, a França e a maioria das outras nações europeias, é um aliado firme da Ucrânia, enquanto o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, é amplamente considerado como tendo as relações mais calorosas com o Kremlin entre todos os líderes da UE.

 

O Governo polaco tem criticado abertamente a Hungria pela sua posição. A polémica surgiu quando Orbán atacou a Polónia durante o fim de semana.

"Os polacos estão a seguir a política mais hipócrita de toda a Europa. Dão-nos lições de moral, criticam-nos pelas nossas relações económicas com a Rússia e, ao mesmo tempo, fazem negócios com os russos e compram petróleo indiretamente, fazendo funcionar a economia polaca com esse petróleo", disse Orbán.

As declarações desencadearam uma resposta de negação e raiva de um vice-ministro polaco dos Negócios Estrangeiros, Wladyslaw Teofil Bartoszewski, que disse no domingo: "Nós não fazemos negócios com a Rússia, ao contrário do primeiro-ministro Orbán, que está à margem da sociedade internacional - tanto na União Europeia como na NATO".

A Polónia já foi dependente das fontes de energia russas, mas há anos que trabalha para se libertar do petróleo e do gás russos. Após a invasão da Ucrânia pela Rússia, a Polónia decidiu acabar com as importações de petróleo russo.

Citada pela AP, Magda Jakubowska, vice-presidente da Visegrad Insight, uma revista de política centrada na Europa Central, disse que a Polónia pode ainda ter algum petróleo russo em reservas de fornecimentos anteriores, mas que já não importa petróleo da Rússia. O oleoduto Druzhba, que trazia petróleo da Rússia para a Polónia, "já não está a funcionar", disse.

Cerca de 50% das importações da Polónia provêm agora da Arábia Saudita e algumas da Noruega.

Segundo Jakubowska, é possível que algumas das importações de petróleo que chegam à Polónia possam ser indiretamente rastreadas até à Rússia, mas as quantidades seriam insignificantes.

Há um ano atrás, Orbán poderia ter feito a sua afirmação, mas agora não, disse. "Talvez não tenha sido atualizado", disse Jakubowska.

Bartoszewski acrescentou que Orbán deveria unir-se a Putin e até sugeriu que ele deveria abandonar as organizações ocidentais. Os comentários de Bartoszewski foram relatados pela agência noticiosa estatal polaca PAP.

A Hungria encontra-se isolada na UE devido à sua aproximação à Rússia e à sua simpatia pela China. Os altos funcionários da UE têm boicotado as reuniões informais organizadas pela Hungria, que detém atualmente a presidência rotativa da UE.

"Se não quisermos ser membros de um clube, podemos sempre sair", disse Bartoszewski. "Não percebo muito bem porque é que a Hungria quer continuar a ser membro de organizações de que não gosta tanto e que, supostamente, a tratam tão mal."

As críticas não se ficaram por aqui.

O ministro dos Negócios Estrangeiros húngaro, Péter Szijjártó, respondeu a Bartoszewski no Facebook, dizendo "Durante muito tempo tolerámos as provocações e a hipocrisia do atual Governo polaco, com a intenção de preservar a irmandade polaco-húngara, mas estamos fartos".

Historicamente, a Polónia e a Hungria têm fortes laços.

Orbán deu-se muito bem com os populistas conservadores que governaram a Polónia entre 2015 e 2023, devido às opiniões comuns sobre a migração e a UE. Ambos se opunham à entrada de migrantes do Médio Oriente e de África na Europa. E ambos os Governos acusavam a UE de estar a tentar retirar poderes aos Estados-nação.

Estes laços só começaram a azedar quando a Rússia invadiu a Ucrânia, uma agressão que os polacos também sentem como uma ameaça existencial na região. E pioraram desde que um Governo pró-UE assumiu o poder em Varsóvia, sob a liderança do primeiro-ministro Donald Tusk, em dezembro.

Leia Também: Zelensky e Tusk fazem acordo para Kyiv intercetar mísseis contra Polónia

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