O juiz de Liverpool Andrew Menary afirmou que, apesar de não ser adulto, o rapaz pode ser identificado porque fará 18 anos na próxima semana.
"Continuar a impedir a comunicação completa tem a desvantagem de permitir que outros espalhem desinformação, no vazio", justificou o magistrado, citado pela imprensa local.
Axel Rudakubana nasceu a 7 de agosto de 2006 e mudou-se para Southport em 2013, depois de ter vivido na vila de Banks, em Lancashire, segundo a Sky News.
A mesma cadeia televisiva britânica acrescentou que o adolescente nasceu em Cardiff, no País de Gales, e é filho de pais ruandeses.
Rudakubana compareceu hoje no Tribunal de Liverpool sob a acusação de homicídio de três meninas, de 9, 7 e 6 anos, durante o ataque, na segunda-feira passada, na cidade costeira de Southport.
Deverá voltar a este tribunal a 25 de outubro, ainda de acordo com a Sky News.
O arguido incorre ainda em 10 acusações de tentativa de homicídio relativamente às oito crianças e dois adultos que ficaram gravemente feridos no ataque, durante uma aula de dança das férias de verão.
A polícia não revelou o motivo do crime, mas as acusações revelam que a alegada arma do crime foi uma faca de cozinha com uma lâmina curva.
O primeiro-ministro, Keir Starmer, convocou hoje os chefes da polícia britânica para uma reunião de crise, devido aos violentos distúrbios que se seguiram ao ataque, pretendendo transmitir a mensagem de que "embora o direito ao protesto pacífico deva ser protegido a todo o custo, os criminosos que exploram esse direito para semear o ódio e realizar atos violentos enfrentarão toda a força da lei", indicou o seu gabinete.
O caso chocou o país, onde o crime com facas é um problema antigo e preocupante, embora os esfaqueamentos em massa sejam raros.
As mortes têm sido utilizadas por ativistas de extrema-direita para alimentar a raiva contra os imigrantes e os muçulmanos - embora neste caso o suspeito não seja imigrante e a sua religião não tenha sido revelada.
As vítimas adultas, que se encontravam em estado crítico, eram uma professora que dirigia a aula de dança e um empresário que trabalhava nas proximidades e interveio para proteger as crianças.
Duas das crianças tiveram alta hoje, informou o hospital Alder Hey Children's, que indicou que cinco outras estavam em estado estável no hospital.
Na primeira comparência no Tribunal de Liverpool, o jovem, vestido com um fato de treino cinzento, sorriu brevemente para os jornalistas antes de se sentar na sala de audiências. Depois, puxou a camisola para cima do nariz e manteve a cabeça baixa durante a breve audiência, sempre sem falar.
Nem os pais do atacante nem os familiares das vítimas estavam presentes no tribunal.
Manifestantes de extrema-direita - alimentados, em parte, por desinformação 'online' - realizaram vários protestos violentos, aparentemente em resposta ao ataque, entrando em confronto com a polícia à porta de uma mesquita em Southport, na terça-feira, e provocando distúrbios perto do gabinete do primeiro-ministro em Londres, no dia seguinte, enquanto gritavam "queremos o nosso país de volta".
Segundo a Polícia Metropolitana de Londres, mais de 100 pessoas foram detidas por delitos, incluindo desordem violenta e agressão a um funcionário dos serviços de emergência.
A polícia disse que um nome que circulou nas redes sociais como sendo o do suspeito - espalhado por ativistas de extrema-direita e contas de origem obscura que se faziam passar por organizações de notícias - estava incorreto e negou que fosse um requerente de asilo.
O pior atentado contra crianças na Grã-Bretanha ocorreu em 1996, quando foram mortas a tiro 16 crianças do jardim-de-infância e a sua professora numa escola em Dunblane, na Escócia. Posteriormente, o Reino Unido proibiu a posse privada de quase todas as armas de fogo.
O recente aumento dos crimes com facas veio alimentar a ansiedade e levou a apelos para que o Governo faça mais para reprimir as armas brancas, que são de longe as mais utilizadas nos homicídios no Reino Unido.
[Notícia atualizada às 14h02]
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