O aliado do principal opositor russo Alexei Navalny, Leonid Volkov, deu conta de que a troca de prisioneiros desta quinta-feira entre o Ocidente e a Rússia deveria ter incluído o ativista, que morreu em fevereiro, enquanto cumpria uma pena de prisão no Ártico.
"Agora, já podemos dizer: Sim, esta é a mesma troca em que, como esperávamos, Alexei Navalny deveria ter sido libertado em fevereiro deste ano", escreveu Leonid Volkov, na rede social X (Twitter).
Contudo, continuou, o presidente russo, Vladimir Putin, "decidiu ‘virar o tabuleiro’ e que não iria desistir de Navalny por nada".
"Matou-o literalmente dois dias antes de a troca poder ter lugar", acusou.
Ainda assim, o colaborador de Navalny, que foi atacado com um martelo em frente à sua casa em Vilnius, na Lituânia, semanas após a morte do seu aliado, ressalvou que "hoje regozijamo-nos com a libertação dos presos políticos, os reféns de Putin que sofreram no Gulag de Putin".
"Em breve poderemos abraçar Lilia Chanysheva e Ksenia Fadeeva, Ilya Yashin e Vadim Ostanin, e muitos outros. Este é um motivo correto e honesto de alegria (especialmente quando são tão poucos). Mas não deixará de ser uma alegria com lágrimas nos olhos", escreveu.
É que, apontou, "a ‘troca de Navalny’ finalmente aconteceu, mas sem Navalny". "Isto é muito doloroso", complementou.
Теперь-то уже можно сказать:
— Leonid Volkov (@leonidvolkov) August 1, 2024
Да, это тот самый обмен, в рамках которого — как мы надеялись, в феврале этого года должен был выйти на свободу Алексей Навальный.
Вот Мария @pevchikh полгода тому назад описывает все то, что произошло сегодня: pic.twitter.com/49u7hKFFGU
"É indicativo: Putin liberta pessoas vivas e fixes, que os seus familiares esperam, que os seus amigos têm o prazer de conhecer. Fica com um assassino e uma mão-cheia de espiões falhados que estão destinados ao esquecimento. Mas como é bom que os nossos amigos e colegas possam voltar a respirar o ar da liberdade!", rematou, referindo-se ao 'leque' de prisioneiros libertados para o lado russo.
Sublinhe-se que o conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, confirmou, esta quinta-feira, que Navalvy estaria incluído nesta troca de prisioneiros, de acordo com a imprensa norte-americana.
A viúva do opositor russo, Yulia Navalnaya, também já reagiu à troca de prisioneiros, tendo salientado que é "uma alegria vê-los todos fora do cativeiro" e "a salvo do regime" do presidente russo.
Navalnaya apontou, no entanto, que a luta continua.
"Ainda temos de lutar: Daniel Kholodny, Vadim Kobzev, Alexei Liptser, Igor Sergunin. Faremos tudo o que estiver ao nosso alcance para garantir a sua libertação. Liberdade para todos os presos políticos!", disse, na rede social X (Twitter).
Recorde-se que Navalnaya, que prometeu continuar a causa do marido a partir do exílio no estrangeiro, acusou Putin de ser responsável pela morte de Navalny, tendo afirmado que o poder do chefe de Estado se baseia em "desinformação, mentiras, enganos e provocações".
Navalny morreu subitamente a 16 de fevereiro, um mês antes das eleições presidenciais de 17 de março, em que Putin era o candidato favorito, depois de dar um passeio na penitenciária IK-3 na cidade de Jarp, no Ártico, de acordo com as autoridades prisionais.
Já esta quinta-feira, 26 pessoas de prisões de sete países diferentes foram libertadas, segundo a presidência turca, que assumiu ter coordenado a operação.
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