O jornalista Álvaro Nieto, diretor do jornal 'online' The Objective, com sede em Madrid, foi expulso hoje da Venezuela, onde se tinha deslocado em reportagem, na sequência dos protestos que sucederam à divulgação dos resultados das eleições presidenciais do passado dia 28 de julho, pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), com a vitória do atual Presidente, Nicolás Maduro, enquanto a oposição reivindicava a maioria dos votos.
Em comunicado, a APM afirma que, com esta expulsão, que se junta à de outros profissionais de informação, o regime venezuelano "está a tentar impedir que os jornalistas informem sobre a situação do país, depois de proclamar Nicolás Maduro vencedor", ao mesmo tempo que se recusa a "fornecer os resultados eleitorais" exigidos por "numerosos países e organizações internacionais".
Segundo a APM, à chegada a Caracas, Álvaro Nieto "foi sujeito a duas horas de interrogatório policial" pelas autoridades venezuelanas, sendo depois repatriado num voo com destino a Madrid.
A APM garantiu, citando o próprio jornalista, que não lhe foi permitido falar com a Embaixada de Espanha em momento algum, enquanto esteve detido em Caracas.
No comunicado hoje divulgado, a APM instou o Governo da Venezuela a respeitar o livre exercício dos jornalistas nacionais e estrangeiros e pediu ao executivo espanhol que tomasse as medidas adequadas junto das autoridades venezuelanas para exigir que este direito fosse respeitado.
Nos últimos dias, pelo menos quinze jornalistas de vários países considerados críticos do Governo de Caracas foram expulsos da Venezuela, segundo dados da APM.
No passado dia 30, a organização civil Instituto de Imprensa e Sociedade (IPYS Venezuela) já tinha registado 32 casos de violação da liberdade de imprensa, durante as eleições presidenciais de domingo.
Na sexta-feira, a Televisão Nacional do Chile juntou-se a outros meios ao condenar a detenção de uma equipa composta por um jornalista e um operador de imagem, depois de ambos terem entrado na Venezuela para fazerem a cobertura da atualidade local.
Em 29 de julho, o CNE proclamou Nicolás Maduro vencedor das eleições presidenciais realizadas no dia anterior, com 51,2% dos votos.
Por sua vez, o bloco maioritário da oposição publicou os resultados no seu portal na Internet, que alegadamente deram uma vitória esmagadora ao seu candidato, Edmundo González Urrutia, que conta com o apoio da líder da oposição María Corina Machado, impedida pelo regime 'chavista' de participar nas eleições.
Machado denunciou, numa carta publicada esta semana no Wall Street Journal, a "brutal repressão" de Maduro aos protestos que se seguiram aos resultados e contabilizou 20 mortos, 1.000 detidos e 11 desaparecimentos, provocados pelas forças de segurança do Estado.
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