"Espero sentenças pesadas antes do final da semana, o que enviaria uma mensagem muito poderosa a todos os envolvidos, seja diretamente ou 'online'", sublinhou o governante às televisões britânicas, após uma nova reunião do gabinete de crise.
Starmer vincou que uma ação judicial rápida demonstraria que os casos são tratados "dentro de uma semana" e que "ninguém deve fazer parte nesta desordem".
O Reino Unido tem sido abalado por uma série de manifestações violentas, segundo as autoridades, convocadas por grupos de extrema-direita, depois da morte de três crianças (uma delas portuguesa) assassinadas à facada por um jovem britânico filho de migrantes em Southport (noroeste de Inglaterra).
O novo primeiro-ministro britânico reagiu hoje após mais uma noite marcada por incidentes, nomeadamente em Belfast (Irlanda do Norte) e Plymouth (sudoeste de Inglaterra).
Em Belfast, a polícia relatou actos de "violência, ataques racistas" e "insultos racistas". Um homem com cerca de 50 anos ficou gravemente ferido após um ataque motivado pelo ódio.
Durante várias horas, a polícia foi alvo de 'cocktails molotov' e de lançamento de tijolos ou pedaços de betão pela parte de manifestantes. Um rapaz de 15 anos suspeito de ter participado nos incidentes foi detido.
Em Plymouth (sudoeste de Inglaterra), ocorreu um tenso confronto entre ativistas da extrema-direita e contra-manifestantes, separados pela polícia.
Seis pessoas foram detidas e vários polícias ficaram feridos sem gravidade, segundo a polícia.
De acordo com o Ministério Público britânico, já foram feitas cerca de uma centena de acusações relacionadas com os motins.
A secretária de Estado da Justiça, Heidi Alexander, realçou hoje de manhã que serão mobilizados um total de 6.000 polícias especializados na manutenção da ordem e que seriam libertadas 567 vagas de prisão que estarão disponíveis "no final do mês".
Perante o aumento de convocatórias para manifestação na quarta-feira, a polícia teme novos confrontos.
Em Londres, as autoridades alertaram que vão utilizar "todos os poderes, táticas e ferramentas disponíveis para evitar novas cenas de desordem".
O primeiro momento de violência eclodiu há uma semana, num cenário de rumores desmentidos sobre o perfil do suspeito do homicídio. Foi apresentado 'online' e nas redes sociais como requerente de asilo muçulmano, mas o jovem de 17 anos nasceu em Cardiff, no País de Gales, e, segundo os meios de comunicação britânicos, a sua família é de origem ruandesa.
Desde então, ocorreram confrontos numa dezena de cidades e, durante o fim de semana, hotéis que albergavam requerentes de asilo, bem como mesquitas, foram alvo de ataques.
Para além da violência em si, as autoridades estão muito atentas aos conteúdos que circulam nas redes sociais, acusados de terem desempenhado um papel nos piores motins no Reino Unido desde os que se seguiram à morte de um jovem mestiço, Mark Duggan, morto pela polícia no norte de Londres em 2011.
Segundo a justiça britânica, um homem de 28 anos foi acusado de incitar ao ódio racial devido a mensagens publicadas no Facebook.
Duas pessoas foram detidas por "assédio racial agravado" por mensagens que pediam manifestações perto de um hotel que era erradamente apresentado como abrigo para requerentes de asilo, adiantou a polícia.
Tommy Robinson, figura da extrema-direita britânica acusada pelas autoridades de alimentar a violência através da sua conta X, é um dos visados.
[Notícia atualizada às 22h02]
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