O número de mortos nos protestos em várias cidades da Venezuela contra os resultados oficiais das presidenciais, que dão a vitória ao presidente Nicolás Maduro, subiu hoje para 24, avança a AFP, que cita grupos de defesa dos direitos humanos.
A organização não governamental venezuelana Provea apresentou o balanço de "24 pessoas mortas entre domingo, 28 de julho, e segunda-feira, 05 de agosto, durante acontecimentos e manifestações relacionadas com as eleições" presidenciais.
A divisão Américas da Human Rights Watch divulgou o mesmo balanço.
Entretanto, também hoje, a ONG Espacio Público adiantou que se registaram 168 violações da liberdade de expressão em julho, mais 127 do que em junho.
"O mês de julho foi marcado pela perseguição a trabalhadores dos meios e a cidadãos por procura ou difusão de informação e opiniões relacionadas com a campanha eleitoral das eleições presidenciais", detalhou a ONG no seu relatório mensal, que publicou no seu sítio na internet.
A Espacio Público avançou que, segundo as denúncias recebidas, a intimação foi o facto mais frequente (77), seguido de atos de censura (26), ameaças e assédio verbal (16 cada), restrições administrativas (15) e assédio judicial (9).
Avançou ainda que as forças de segurança foram os responsáveis por estas situações em 49% dos casos, seguidas pelas instituições do Estado, com 20%.
"Na sua maioria, as vítimas contabilizadas são jornalistas (58), cidadãos (31), meios de informação (15), páginas web (7), operadores de câmara (5) e fotojornalistas (4)", acrescentou.
De realçar que o último balanço dava conta de 11 mortes. A Venezuela regista desde a semana passada protestos em várias regiões do país, alguns deles violentos, contestando os resultados anunciados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE).
A Venezuela, país que conta com uma expressiva comunidade de portugueses e de lusodescendentes, realizou eleições presidenciais em 28 de julho, após as quais o CNE atribuiu a vitória a Maduro com pouco mais de 51% dos votos, enquanto a oposição afirma que o seu candidato, o antigo diplomata Edmundo González Urrutia, obteve quase 70% dos votos.
A oposição venezuelana e muitos países denunciaram uma fraude eleitoral e exigiram que sejam apresentadas as atas de votação para uma verificação independente.
O CNE ainda não publicou - como exigido por lei - as atas que certificam a vitória de Maduro, alegando que o seu sistema informático sofreu um ciberataque.
A oposição acredita que se trata de uma manobra para não revelar os verdadeiros resultados e publicou as atas de cada posto de votação.
Segundo estes documentos - cuja validade é rejeitada por Maduro -, Gonzalez Urrutia venceu a votação com 67% dos votos.
[Notícia atualizada às 23h54]
Leia Também: Líder da oposição venzuelana denuncia "campanha de terror"