O primeiro-ministro britânico, o trabalhista Keir Starmer, adotou hoje uma posição de cautela e afirmou que os esforços para travar a violência de extrema-direita no Reino Unido "não podem abrandar".
As declarações de Starmer, feitas no mesmo dia em que o gabinete de crise voltou a reunir-se para avaliar os próximos passos das autoridades britânicas, surgem após uma semana de distúrbios associados a manifestações anti-imigração que se disseminaram pelo país, desde a Irlanda do Norte até à costa sul de Inglaterra.
Na quarta-feira, a polícia britânica estava em estado de alerta, depois de apoiantes de extrema-direita terem feito circular uma lista de mais de 100 locais que planeavam atingir, incluindo escritórios de advogados especializados em imigração e centros de apoio a migrantes.
As ações não se concretizaram quando a polícia e manifestantes antirracismo encheram as ruas, que exibiam cartazes com várias frases de ordem como "Refugiados bem-vindos".
O Governo britânico declarou uma situação crítica a nível nacional, colocando 6.000 polícias, com formação especial, em prontidão para responder a qualquer desordem.
A polícia disse que os protestos e contraprotestos foram em grande parte pacíficos, embora tenha sido feito um pequeno número de detenções.
"A demonstração de força da polícia e, francamente, a demonstração de unidade das comunidades derrotaram os desafios que enfrentámos", disse o comissário Mark Rowley, comandante do Serviço de Polícia Metropolitana de Londres.
Contudo, o clima de tensão continua elevado no país depois de grupos de extrema-direita terem impulsionado os distúrbios ao publicarem nas redes sociais falsas informações sobre a identidade do jovem que matou três crianças (uma delas portuguesa) na cidade costeira inglesa de Southport, em 29 de julho.
O agressor, um rapaz de 17 anos nascido no País de Gales, filho de pais ruandeses, não era um requerente de asilo, como indicavam as informações publicadas nas redes sociais.
O Governo britânico comprometeu-se a localizar e a processar os responsáveis pela desordem, incluindo pessoas que incitam à violência 'online'.
Num esforço para dissuadir as pessoas de participarem em futuros distúrbios, e para mostrar que os desordeiros irão enfrentar uma justiça célere, as câmaras de televisão foram hoje autorizadas a entrar no Tribunal da Coroa de Liverpool, quando o juiz Andrew Menary condenou dois homens a 32 meses de prisão.
Durante a audiência, os procuradores exibiram vídeos de manifestantes a atirar tijolos à polícia e a incendiar caixotes de lixo.
Também hoje, a assembleia legislativa regional da Irlanda do Norte realizou uma sessão especial para abordar a resposta aos distúrbios.
O Governo britânico está também a considerar impor sanções para além da pena de prisão, incluindo a proibição de manifestações nos jogos de futebol.
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