O gabinete do primeiro-ministro polaco, Donald Tusk, anunciou que vai receber Zelensky ao final da manhã e que os dois darão uma conferência de imprensa conjunta pouco depois do meio-dia (hora local).
A visita surge poucos dias depois de Tusk ter anunciado progressos na questão das exumações, uma questão que tem vindo a afetar as relações entre Varsóvia e Kiev há vários anos.
"Finalmente, um avanço. Há uma decisão sobre as primeiras exumações das vítimas polacas da UPA", escreveu Tusk nas redes sociais na sexta-feira, referindo-se ao Exército Insurgente Ucraniano.
"Agradeço aos ministros da Cultura da Polónia e da Ucrânia pela sua boa cooperação. Estamos à espera de novas decisões", acrescentou, segundo a agência norte-americana AP.
A viagem de Zelensky foi anunciada por Tusk numa altura em que a Ucrânia estava em alerta aéreo devido a um ataque de grande envergadura russo contra infraestruturas de energia do país.
O encontro entre Tusk e Zelensky ocorre também poucos dias depois de a Polónia ter assumido a presidência rotativa do Conselho da União Europeia, à qual a Ucrânia é candidata à adesão.
A organização não-governamental Fundação Liberdade e Democracia disse na segunda-feira que vai iniciar os trabalhos de exumação das vítimas na Ucrânia em abril.
Apesar de a Polónia ser um dos mais fortes apoiantes da Ucrânia desde que o país foi invadido pela Rússia há quase três anos, a questão das vítimas polacas que jazem em valas comuns em solo ucraniano deixou uma amargura persistente entre muitos polacos.
Também exerceu pressão sobre Tusk, que procura mostrar progressos numa questão que continua a ser importante para muitas pessoas na Polónia.
A questão remonta a 1943-44, quando a Europa estava em guerra.
Os nacionalistas ucranianos massacraram na altura cerca de 100.000 polacos em Volhynia e noutras regiões que se situavam na Polónia oriental, sob ocupação alemã nazi, e que hoje fazem parte da Ucrânia.
Aldeias inteiras foram incendiadas e os habitantes mortos pelos nacionalistas que procuravam criar um Estado independente na Ucrânia.
A Polónia considera os acontecimentos um genocídio e tem vindo a pedir à Ucrânia que lhe permita exumar as vítimas para lhes dar um enterro adequado.
Estima-se que 15.000 ucranianos tenham sido mortos em retaliação.
A questão é difícil para a Ucrânia porque alguns dos nacionalistas ucranianos do tempo da Segunda Guerra Mundial são considerados heróis nacionais devido à luta pela criação do Estado ucraniano.
Enquanto as duas partes tentavam resolver a questão, o presidente do parlamento ucraniano proferiu em maio de 2023 palavras de reconciliação no parlamento polaco.
"A vida humana tem o mesmo valor, independentemente da nacionalidade, raça, sexo ou religião", disse Ruslan Stefanchuk aos deputados polacos na altura.
"Com esta consciência, cooperaremos convosco, caros amigos polacos, e aceitaremos a verdade, por mais intransigente que seja", acrescentou.
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