EUA desiste de queixa contra empresa acusada de abuso de migrantes menores

O Governo dos Estados Unidos desistiu de uma queixa judicial contra o maior fornecedor de habitação para crianças migrantes não acompanhadas, que era acusado de abuso sexual e de assédio a menores nas suas instalações.

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Lusa
12/03/2025 18:44 ‧ há 4 horas por Lusa

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Estados Unidos

A desistência da queixa foi anunciada hoje, depois de o Governo federal ter dito que não iria deixar de utilizar os serviços dos Southwest Key Programs.

 

A queixa, apresentada no ano passado durante o mandato do ex-presidente Joe Biden, alegava uma série de delitos entre 2015 e 2023, quando a Southwest Key Programs, que opera abrigos para migrantes no Texas, Arizona e Califórnia, acumulou diversos contratos do Departamento de Saúde e Serviços Humanos.

"Devido às preocupações contínuas relacionadas com estas colocações, o departamento decidiu interromper a colocação de crianças estrangeiras não acompanhadas nas instalações de Southwest Key e rever as suas bolsas com a organização. Tendo em conta a ação destes serviços, o Departamento de Justiça rejeitou o seu processo contra a Southwest Key", disse aquela agência em comunicado.

As crianças que ainda se encontravam em abrigos operados pela empresa foram transferidas para outras habitações e os trabalhadores foram informados de que deixariam de trabalhar.

"Devido ao congelamento imprevisto do financiamento federal e à ordem de interrupção da colocação nos nossos abrigos para menores não acompanhados (...) tomámos a difícil decisão de terminar os contratos de aproximadamente 5.000 funcionários da Southwest Key Programs", disse a empresa num comunicado divulgado na terça-feira.

De acordo com as alegações no processo de 2024, os funcionários da Southwest Key, incluindo supervisores, violaram, tocaram inapropriadamente ou solicitaram sexo e imagens de crianças nuas a partir de 2015 e possivelmente antes.

Um funcionário era acusado de ter "abusado sexualmente e repetidamente" de três meninas de 5, 8 e 11 anos no abrigo Casa Franklin em El Paso, Texas, com a menina de 8 anos a dizer aos investigadores que o funcionário entrou nos seus quartos "a meio da noite" para tocar na sua "'área privada'".

O processo alegava ainda que outro funcionário, num abrigo em Mesa, no Arizona, levou um rapaz de 15 anos para um hotel e pagou-lhe para realizar atos sexuais durante vários dias em 2020.

As crianças foram aconselhadas a não denunciar os alegados abusos e ameaçadas de violência contra si próprias ou as suas famílias se o fizessem, de acordo com o processo.

As vítimas testemunharam que, em alguns casos, outros trabalhadores sabiam do abuso, mas não o denunciaram nem o ocultaram, segundo a acusação.

Pelo menos dois funcionários foram acusados em processos criminais relacionadas com as alegações.

A ação civil de que o Governo de Trump agora desistiu pretendia um julgamento com júri e indemnizações monetárias para as vítimas.

Leia Também: Português admite entrada ilegal nos EUA e enfrenta segunda deportação

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