"O Governo libanês afirma que não existe margem para mais demoras e exorta todas as partes interessadas a acelerar o processo de libertação de reféns, iniciar um cessar-fogo e aplicado o acordo sem vacilação", disse o ministro dos Negócios Estrangeiros, Abdallah Bou Habib, segundo um comunicado governamental, e após uma reunião com o primeiro-ministro libanês, Najib Mikati.
Os Estados Unidos, Qatar e Egito anunciaram na noite de quinta-feira um encontro para a próxima quinta-feira em Doha, ou no Cairo, com o objetivo de garantir uma solução urgente aos pontos onde persiste desacordo, exigindo a Israel e ao grupo islamista palestiniano Hamas a concretização imediata de um acordo.
"O Governo libanês também tem a intenção de apoiar a apresentar uma nova proposta para completar a implementação dos restantes elementos de uma forma que satisfaça todas as partes envolvidas", afirmou hoje Bou Habib, sem especificar.
O ministro não esclareceu se a iniciativa apenas se relaciona com a atual guerra na Faixa de Gaza, ou se existe uma proposta paralela para solucionar os confrontos entre Israel e o grupo xiita libanês Hezbollah.
O Hezbollah condiciona o fim dos seus ataques contra o Estado judaico ao fim prévio do conflito no enclave palestiniano e manifestou disposição a negociar uma solução sobre a situação da linha da frente no Líbano quando terminarem os ataques israelitas na Faixa de Gaza.
Os receios de uma guerra aberta entre o movimento xiita e Israel agravaram-se após um bombardeamento israelita na semana passada ter morto nos arredores de Beirute o comandante militar do Hezbollah Fuad Shukr e outras seis pessoas.
O movimento político-militar xiita prometeu uma dura resposta, à semelhança da emitida pelo seu aliado Irão na sequência do recente assassinato em Teerão do líder político do Hamas, Ismail Haniyeh.
"Chegou o momento de atuar com decisão e cumprir os nossos compromissos para levar a paz e ajuda às pessoas necessitadas (...), assim como restabelecer a calma na região", frisou no comunicado o chefe da diplomacia libanesa.
Em paralelo com as iniciativas diplomáticas, pelo menos duas pessoas foram hoje mortas num novo ataque israelita com 'drone' na cidade costeira de Naqoura, sul do Líbano, enquanto prosseguiam os confrontos entre tropas judaicas e combatentes do partido xiita libanês na zona da fronteira comum.
Este ataque surge um dia após o Hezbollah ter efetuado diversas operações de combate contra o Exército israelita, que incluíram ataques contra concentrações de tropas.
Por sua vez, as Forças de defesa de Israel dizem ter atingido novas "infraestruturas" do Hezbollah no sul libanês, com a intervenção da sua Força Aérea.
A fronteira entre Israel e o Líbano regista a mais grave situação de tensão desde 2006 com uma intensa troca de fogo desde outubro, com um balanço de pelo menos 596 mortos, na maioria do lado libanês e nas fileiras do Hezbollah, que confirmou 368 baixas de combatentes e comandantes, incluindo na Síria.
Israel indica que foram mortas 47 pessoas no norte do território, onde se incluem 22 militares e 25 civis. Dezenas de milhares de civis libaneses e israelitas já foram deslocados das zonas fronteiriças, e dezenas de localidades atingidas, em particular no Líbano.
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