"O Hamas tem de deixar de pôr em perigo os civis. O Hamas tem de deixar de pôr em perigo os civis e Israel tem de respeitar o direito internacional humanitário", afirmou o chefe da diplomacia, David Lammy, na rede social X. "Precisamos de um cessar-fogo imediato para proteger os civis, libertar todos os reféns e acabar com as restrições à ajuda", acrescentou.
Um ataque aéreo israelita atingiu uma escola transformada em abrigo em Gaza, na madrugada de hoje, matando pelo menos 93 pessoas, segundo as autoridades sanitárias palestinianas, num dos ataques mais mortais da guerra de 10 meses entre Israel e o Hamas.
As forças armadas israelitas reconheceram que tinham como alvo a escola Tabeen, no centro da cidade de Gaza, alegando que tinham atingido um centro de comando do Hamas no interior da escola. O Hamas negou que o interior da escola fosse um centro seu.
A Organização das Nações Unidas (ONU) afirmou que o último ataque faz parte dos crescentes ataques de Israel às escolas de Gaza, que foram transformadas em abrigos para as pessoas que foram forçadas a fugir das suas casas devido à guerra.
Appalled by the Israeli Military strike on al-Tabeen school and the tragic loss of life.
— David Lammy (@DavidLammy) August 10, 2024
Hamas must stop endangering civilians. Israel must comply with International Humanitarian Law.
We need an immediate ceasefire to protect civilians, free all hostages, and end restrictions…
O ataque ocorreu de madrugada quando as pessoas estavam a rezar numa mesquita no interior da escola, segundo Abu Anas, uma testemunha que ajudou no salvamento de pessoas.
"Havia pessoas a rezar, pessoas a lavar roupa e pessoas lá em cima a dormir, incluindo crianças, mulheres e idosos", acrescentou. "O míssil caiu sobre eles sem aviso. O primeiro míssil e o segundo. Recuperámo-los como pedaços de corpos".
Três mísseis destruíram o edifício de dois andares - o primeiro albergava a mesquita e o segundo a escola - onde cerca de 6.000 pessoas deslocadas se abrigavam da guerra, disse Mahmoud Bassal, porta-voz da Defesa Civil, que atua sob a alçada do governo local dirigido pelo Hamas.
Muitas das vítimas eram mulheres e crianças, referiu.
Num relatório divulgado hoje, o Gabinete dos Direitos Humanos da ONU afirmou que houve pelo menos 21 ataques a escolas desde 04 de julho, deixando centenas de mortos, incluindo mulheres e crianças. Muitas das escolas estavam a servir de abrigo, segundo o relatório, acrescentando que Israel tem o dever, ao abrigo do direito internacional, de fornecer abrigo seguro aos deslocados.
"Não há justificação para estes massacres", afirmou o chefe da política externa da UE, Josep Borrell, numa declaração publicada na plataforma X, referindo-se aos ataques às escolas.
Israel tem responsabilizado o Hamas pela morte de civis em Gaza, afirmando que o grupo põe em perigo os não-combatentes ao utilizar escolas e bairros residenciais como bases de operações e ataques.
Os serviços secretos israelitas indicaram que cerca de 20 militantes do Hamas e da Jihad Islâmica, incluindo comandantes de alto nível, estavam a utilizar o complexo escolar de Tabeen para planear ataques contra as forças israelitas, disse o tenente-coronel Nadav Shoshani, porta-voz militar israelita, numa declaração no X.
Shoshani também questionou os números de vítimas divulgados pelo Ministério da Saúde palestiniano.
Izzat al-Rishq, um alto funcionário do Hamas, negou que houvesse militantes na escola.
Segundo Israel, a escola visada estava situada junto a uma mesquita que serve de abrigo aos habitantes da cidade de Gaza.
Um operador de câmara da AP disse, todavia, que a mesquita e as salas de aula se encontravam num único edifício, com o salão de orações no rés-do-chão e a escola por cima.
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