Ben Gvir reivindicou os direitos dos judeus a rezar no que conhecem como Monte do Templo e disse ser essa a política do ministério que lidera, apesar de contrariar o 'status quo' que rege o local.
"Estamos em Tisha B'Av, o Monte do Templo, que vem assinalar a destruição do templo", afirmou num vídeo divulgado pelo partido que lidera, o Otzma Yehudit, segundo a agência espanhola Europa Press.
"Mas é preciso dizer com franqueza: há aqui avanços muito significativos na governação, na soberania. Como já disse, a nossa política é permitir a oração", disse, enquanto vários judeus podiam ser vistos a rezar em voz alta.
Apelou ainda ao grupo extremista palestiniano Hamas para que "se ajoelhe" em Gaza e participe nas negociações no Qatar ou no Egito para um cessar-fogo na guerra com Israel iniciada há 10 meses.
Ben Gvir foi criticado pelo primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, que o acusou de ter adotado uma política própria em relação à Esplanada das Mesquitas.
Netanyahu advertiu que o que aconteceu durante o dia de hoje é "um desvio do 'status quo'", que não mudou.
"Não existe uma política privada sobre o Monte do Templo por parte de nenhum ministro. Nem do ministro da Segurança, nem de qualquer outro", afirmou num comunicado divulgado pelo seu gabinete.
Netanyahu insistiu que a política de Israel sobre a zona depende diretamente do Governo e do primeiro-ministro.
"Este incidente é uma manobra de diversão e a política do Governo não mudou em relação ao Monte do Templo. Continuará a ser a mesma", afirmou.
Cerca de 2.250 judeus invadiram hoje de manhã (hora local) a Esplanada das Mesquitas, na zona oriental de Jerusalém, onde rezaram e hastearam a bandeira israelita, segundo fontes citadas pela agência francesa AFP.
Situada no setor da Cidade Santa ocupado e anexado por Israel, a Esplanada das Mesquitas, o terceiro local mais sagrado do Islão, está construída sobre as ruínas do segundo templo judaico, destruído em 70 d.C. pelos romanos.
Para os judeus, é o Monte do Templo, o local mais sagrado do judaísmo.
Ben Gvir criticou as declarações de Netanyahu, afirmando que "nenhuma lei permite a discriminação racista contra os judeus no Monte do Templo".
"A política do ministro da Segurança procura facilitar a liberdade de crença dos judeus em todo o lado e em qualquer lugar", afirmou, citado pelo jornal The Times of Israel.
"O Monte do Templo é uma área soberana localizada na capital do Estado de Israel", acrescentou.
Nos termos do 'status quo' acordado em 1967 entre Israel e os países árabes liderados pela Jordânia, o culto no recinto está reservado aos muçulmanos.
Os judeus só podem entrar como visitantes em horários predeterminados, caminhar ao longo de um percurso definido, acompanhados por polícias, e rezar no Muro das Lamentações, que se encontra nas proximidades.
A Jordânia é a guardiã dos locais sagrados muçulmanos e cristãos em Jerusalém Oriental, embora Israel controle o acesso e as visitas aos locais, ao abrigo dos acordos de paz subscritos pelos dois países em 1994.
A área foi o local do Primeiro e Segundo Templos, um património histórico destruído do qual apenas resta o Muro das Lamentações como vestígio.
A Esplanada contém também a Mesquita de Al-Aqsa, o terceiro local mais sagrado do Islão, depois de Meca e Medina, na Arábia Saudita.
A coexistência dos locais sagrados em Jerusalém obriga as partes a manter um equilíbrio delicado para não acender um rastilho que possa desencadear uma onda de tensão política e mesmo de violência.
Leia Também: Centenas de judeus invadem esplanada das Mesquitas em Jerusalém