Khavana, que as autoridades russas identificam pelo seu nome de solteira, Karelina, foi detida em Ecaterimburgo em fevereiro e declarou-se culpada no seu julgamento na semana passada, segundo a imprensa.
"O tribunal considerou Ksenia Karelina culpada de alta traição e condenou-a a 12 anos de prisão", disse o tribunal regional de Sverdlovsk, nos Urais, onde a mulher estava a ser julgada à porta fechada.
A mulher de 33 anos obteve a nacionalidade dos Estados Unidos depois de se casar com um norte-americano e de se mudar para Los Angeles. Ela tinha regressado à Rússia para visitar a sua família.
O Serviço Federal de Segurança da Rússia disse que a condenada "recolheu proativamente dinheiro no interesse de uma das organizações ucranianas, que foi posteriormente utilizado para comprar material médico tático, equipamento, armas e munições para as forças armadas ucranianas".
De acordo com a agência EFE, o Ministério Público tinha pedido anteriormente 15 anos de prisão para Khavana por alegadamente ter enviado 51,8 dólares (47 euros) para a organização não-governamental Razom, que presta assistência material à Ucrânia, nos primeiros dias da invasão russa, em fevereiro de 2022.
O tribunal indicou ter concluído que estes fundos foram "utilizados para a compra de equipamento médico, armas e munições pelas forças armadas ucranianas" e que, durante o julgamento, a arguida admitiu plenamente a sua culpa".
Um vídeo divulgado pelo tribunal mostrou Ksenia Khavana numa jaula de vidro reservada aos acusado, vestida com uma camisola branca e calças de ganga, a ouvir a leitura da sentença.
O seu advogado, Mikhail Mouchailov, anunciou que a sua cliente planeava "recorrer parcialmente da sentença", segundo a agência de notícias Interfax.
Numa carta publicada pelo seu advogado nas redes sociais, Ksenia Khavana agradeceu às pessoas que a têm apoiado.
A condenada é natural de Ecaterimburgo, nos Urais, mas viveu na Califórnia, nos Estados Unidos, para onde emigrou há mais de dez anos e obteve a nacionalidade norte-americana.
Segundo os meios de comunicação russos, as agências das forças de segurança russas descobriram a doação à organização que apoia a Ucrânia no seu telefone.
Esta condenação surge numa altura em que os Estados Unidos acusam Moscovo de visar especificamente os norte-americanos na Rússia para os utilizar como moeda de troca contra os russos detidos nos países ocidentais.
A maior troca de prisioneiros desde a Guerra Fria entre Moscovo e o Ocidente ocorreu em 01 de agosto, permitindo a libertação em concreto de jornalistas norte-americanos e opositores russos detidos na Rússia em troca de espiões presos em países ocidentais.
A Rússia tem ainda vários estrangeiros e cidadãos com dupla nacionalidade nas suas prisões, incluindo o francês Laurent Vinatier, que trabalha para uma organização suíça de resolução de conflitos.
Suspeito de ter recolhido ilegalmente informações sobre as atividades militares da Rússia, é formalmente acusado por não se ter registado como "agente estrangeiro", crime punível com cinco anos de prisão.
Um cidadão norte-americano, Joseph Tater, foi por seu lado condenado na quarta-feira a 15 dias de detenção administrativa por "vandalismo", mas a polícia indicou que poderia investigar "outros crimes" possíveis.
Desde o início da ofensiva russa na Ucrânia, milhares de pessoas foram sancionadas, ameaçadas ou presas devido à sua oposição ao conflito.
Os julgamentos por traição, que acarretam sempre penas pesadas, aumentaram consideravelmente desde o início da guerra na Ucrânia.
[Notícia atualizada às 11h58]
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