A Missão das Nações Unidas no Sudão do Sul (UNMISS) anunciou estes dados no seu mais recente relatório sobre a violência contra civis, que revela também um aumento significativo nos incidentes de violência sexual relacionada com conflitos.
"No ano passado, a UNMISS documentou 1.019 incidentes violentos que afetaram 3.657 civis. Deste número, 1.561 foram mortos e 1.299 ficaram feridos. Outras 551 pessoas foram raptadas, incluindo pelo menos nove trabalhadores humanitários, e 246 foram vítimas de violência sexual", pode ler-se no comunicado.
Segundo a UNMISS, a violência comunitária por milícias armadas continuou a causar o maior número de vítimas.
O estado de Warrap (no Norte) registou o maior número de mortos e feridos civis, principalmente por milícias comunitárias e/ou grupos de defesa civil, enquanto o estado de Equatória Ocidental (no Sudoeste) registou o maior número de violência sexual e em Equatória Central (o estado onde está a capital, Juba) ocorreu a maioria dos raptos, citou.
"A proteção dos civis e a prevenção da violência requerem uma ação urgente por parte das autoridades a nível nacional, estatal e local, bem como das comunidades, a fim de abordar as causas profundas do conflito e encontrar soluções não violentas", afirmou o representante especial do secretário-geral da ONU para o Sudão do Sul e chefe da UNMISS, Nicholas Haysom, citado no comunicado.
O Sudão do Sul é o país mais jovem do mundo, tendo conquistado a independência do Sudão em julho de 2011, mas rapidamente entrou em guerra civil.
Os combates eclodiram em dezembro de 2013 entre as tropas leais ao Presidente, Salva Kiir, e as forças da oposição lideradas pelo rival, Riek Machar.
Centenas de milhares de pessoas foram mortas e milhões deslocadas.
Um acordo de paz de 2018 pôs fim ao conflito e estabeleceu um Governo de unidade.
A ONU tem alertado para o risco de uma nova guerra civil em grande escala na sequência de tensões crescentes, incluindo a prisão de Machar em março e a nova mobilização do exército e grupos armados em algumas regiões.
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