"As comunidades mais afectadas continuam a não dispor de abrigos seguros, água potável e saneamento, eletricidade estável, cuidados médicos e serviços essenciais", afirma um comunicado emitido pelo Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) na sexta-feira à noite na Birmânia.
As réplicas diárias, algumas de magnitude superior a 5, continuam a ocorrer mais de 21 dias após o terramoto inicial de magnitude 7,7 ter atingido o centro-norte da Birmânia, entre as cidades de Sagaing e Mandalay, a segunda cidade mais populosa do país.
A agência das Nações Unidas refere que as condições de vida nas zonas mais afetadas "se deterioraram drasticamente" desde a catástrofe e que "milhares de pessoas continuam a dormir ao relento".
A área mais afetada é uma das principais regiões produtoras de alimentos do país, pelo que os danos causados pelo terramoto podem afetar a segurança alimentar da nação, já de si empobrecida, que se encontra mergulhada num profundo conflito armado desde o golpe militar de fevereiro de 2021.
Num relatório anterior da ONU, a organização estimou que cerca de 20 milhões de pessoas, um terço da população, foram afetadas de várias formas pelo terramoto.
A junta militar, que detém o poder no país há quatro anos, comunicou mais de 3.700 mortes, embora a ONU estime que o número real seja "provavelmente muito mais elevado", devido a dificuldades na recolha e processamento de dados.
"O impacto psicológico está a aumentar, especialmente entre as crianças e os grupos vulneráveis, que enfrentam a incerteza de um afastamento prolongado das suas casas, no meio de abalos sísmicos secundários, chuvas não sazonais e calor extremo", disse ontem o OCHA.
A agência da ONU alerta também para o risco potencial de doenças e de má nutrição entre os deslocados, associado à perda de infraestruturas sanitárias.
"Apesar destes esforços, a escala e a urgência do desastre requerem uma ação, recursos e acesso muito maiores", sublinhou a agência.
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