Desde o regresso dos talibãs ao poder em 2021, o Paquistão tem alegado que o regime fundamentalista está a facilitar as operações de grupos armados como os chamados "talibãs paquistaneses", alegações que o regime em Cabul rejeita veementemente.
Alegando preocupações de segurança, o Paquistão ordenou, em setembro de 2023, uma operação de expulsão em massa de refugiados afegãos no país.
Desde então, cerca de um milhão de pessoas tiveram de regressar ao Afeganistão, quase 60% das quais são crianças, segundo a organização não-governamental Save the Children, que alertou para o facto de este êxodo poder vir a provocar o colapso do sistema de saúde do Afeganistão, que se encontra em deterioração, e representar um risco mortal para os retornados mais vulneráveis.
Em Islamabad, no comunicado que distribuiu sobre a reunião, o Ministério dos Negócios Estrangeiros paquistanês sublinhou "a importância primordial de abordar as questões fronteiriças e de segurança para libertar todo o potencial da região".
"Ambas as partes reafirmaram o seu compromisso de promover relações mutuamente benéficas e de manter contactos a alto nível", concluiu-se na nota.
Muttaqi, por seu lado, manifestou a sua preocupação com a situação dos refugiados afegãos no Paquistão e instou a delegação paquistanesa a evitar violações dos direitos dos afegãos, de acordo com uma declaração do porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Hafiz Zia Ahmad.
Ishaq Dar respondeu que os refugiados afegãos não serão maltratados no Paquistão e que será impedida qualquer ação arbitrária que leve os refugiados a abandonar as suas casas.
A reunião dos dois governantes realizou-se um dia depois de Islamabade ter anunciado que mais de 84 mil afegãos foram deportados do Paquistão para o Afeganistão, na atual fase da campanha de repatriamento maciça lançada pelo governo paquistanês desde 01 de abril.
De acordo com Islamabade, o Paquistão e o Afeganistão "reafirmaram o seu empenhamento em promover relações mutuamente benéficas e acordaram na importância de manter um diálogo de alto nível".
Além da recente vaga de deportações, Islamabad e Cabul mantêm uma relação tensa, especialmente no que se refere às questões fronteiriças e de segurança.
A porosa Linha Durand, como é conhecida a fronteira de 2.640 quilómetros entre os dois países, continua a ser um ponto controverso na relação entre o Paquistão e o Afeganistão.
Cabul não reconhece a fronteira e reclama território dentro do Paquistão, sendo frequentes os encerramentos da fronteira devido a tensões ou incidentes de segurança.
Além disso, Islamabad acusa o Afeganistão de permitir que os rebeldes do Tehreek-e-Taliban Pakistan (TTP), os irmãos ideológicos dos fundamentalistas no poder em Cabul, utilizem o território afegão para lançar ataques contra o Paquistão, uma alegação negada pelos talibãs, que instam o país vizinho a resolver os seus problemas internos.
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