Segundo maior contribuinte para o esforço de guerra ucraniano, a seguir aos Estados Unidos, o Governo alemão enfrenta cortes orçamentais num contexto de braço de ferro entre os três partidos da coligação e decidiu reduzir para metade, no próximo ano, o montante que disponibilizará para ajuda militar bilateral a Kiev.
Vários órgãos de comunicação social alemães noticiaram, no fim de semana, que o Governo, sob pressão do Ministério das Finanças, excluía qualquer apoio orçamental adicional a Kiev, além do já definido, o que suscitou ferozes críticas até do partido social-democrata do chanceler Scholz, que o Governo hoje se esforçou por aplacar.
"Prosseguiremos o nosso apoio: com o crédito no valor de 50 mil milhões de euros que estamos a criar com o G7 (grupo das sete maiores economias do mundo). Tal permitirá à Ucrânia adquirir armas em grandes quantidades", escreveu Olaf Scholz na rede social X (antigo Twitter).
Para compensar os seus cortes orçamentais, Berlim conta conceder à Ucrânia um empréstimo de 50 mil milhões de euros, garantido pelos juros futuros dos bens russos congelados. Este novo instrumento financeiro foi acordado pelos países do G7 na sua cimeira de junho, em Itália.
A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e "desnazificar" o país vizinho, independente desde 1991 - após a desagregação da antiga União Soviética - e que tem vindo a afastar-se do espaço de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.
A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, e os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia contra cidades e infraestruturas ucranianas, ao passo que as forças de Kiev têm visado alvos em território russo próximos da fronteira e na península da Crimeia, ilegalmente anexada em 2014.
Já no terceiro ano de guerra, as Forças Armadas ucranianas confrontaram-se com falta de soldados e de armamento e munições, apesar das reiteradas promessas de ajuda dos aliados ocidentais, que começaram entretanto a concretizar-se.
Nos últimos dias, as tropas russas, mais numerosas e mais bem equipadas, prosseguiram o seu avanço na frente oriental, apesar da ofensiva ucraniana na Rússia, na região de Kursk.
As negociações entre as duas partes estão completamente bloqueadas desde a primavera de 2022, com Moscovo a continuar a exigir que a Ucrânia aceite a anexação de uma parte do seu território.
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