"Gostaria de destacar os esforços para libertar o maior número possível de reféns vivos desde a primeira fase do acordo", disse Netanyahu num vídeo transmitido após uma reunião em Telavive com o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken.
O chefe da diplomacia dos Estados Unidos afirmou hoje que Israel aceitou uma proposta de cessar-fogo na Faixa de Gaza e a libertação de reféns israelitas em posse do Hamas, e apelou ao movimento islamita palestiniano para fazer o mesmo.
As declarações de Blinken surgiram após uma reunião de duas horas e meia com o primeiro-ministro israelita, no âmbito da sua nona missão de emergência ao Médio Oriente, a nona desde o início do atual conflito no território palestiniano.
O plano proposto no final de maio pelo Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, prevê numa primeira fase uma trégua de seis semanas acompanhada da retirada israelita das zonas densamente povoadas da Faixa de Gaza e da libertação de vários dos 111 reféns raptados em 07 de outubro durante o ataque Hamas em Israel e ainda mantidos em cativeiro na Faixa de Gaza.
Israel e Hamas têm afirmado há semanas que apoiam este plano, mas o movimento palestiniano acusa Telavive de ter acrescentado "novas condições" que acredita estarem a ser impostas por "ditames americanos".
Netanyahu reiterou que "não pode ser flexível" em certos pontos e rejeita negociações em que apenas dá e não recebe nada em troca.
Blinken mantém o objetivo de alcançar uma trégua, que permitiria a libertação dos 111 reféns israelitas, dos quais pelo menos 39 já morreram, e dar acesso de mais ajuda humanitária ao devastado enclave palestiniano.
"Aprecio muito a compreensão que os Estados Unidos demonstraram em relação aos nossos interesses vitais de segurança, aos nossos esforços conjuntos para conseguir a libertação dos nossos reféns", disse ainda Netanyahu após a reunião com Blinken.
O líder israelita apelou no domingo aos países mediadores -- Estados Unidos, Qatar e Egito -- para pressionarem o Hamas e não Israel, e reiterou a sua firmeza em dois pontos centrais: não cessar a ofensiva militar até que o grupo islamita seja desmantelado e não retirar as suas tropas do estratégico Corredor de Filadélfia, que cobre toda a linha fronteiriça entre a Faixa de Gaza e o Egito.
No mesmo sentido, o ministro da Defesa israelita, Yoav Gallant, afirmou hoje por seu lado que as tropas de Telavive continuarão a operar na Faixa de Gaza até que seja alcançado o objetivo de destruir o Hamas.
No decurso de uma reunião que manteve com Blinken em Telavive, Gallant afastou o fim das hostilidades até ao regresso dos reféns e ao desmantelamento do Hamas, segundo um comunicado do Ministério da Defesa.
"O ministro enfatizou a importância de [continuar] a pressão militar constante exercida por Israel sobre o Hamas, juntamente com a necessidade de pressão política contínua dos Estados Unidos", acrescentou.
Apesar das divergências entre Gallant e Netanyahu sobre o decurso da guerra no enclave palestiniano, a mensagem do ministro da Defesa a Blinken está alinhada com a do primeiro-ministro, que insistiu que se manterá firme no que respeita às "necessidades de segurança" de Israel.
Por outro lado, Gallant e Blinken "discutiram os desafios de segurança na região do Médio Oriente", e o ministro israelita agradeceu aos Estados Unidos "pelo seu profundo compromisso com a segurança de Israel", refere o comunicado da Defesa.
Em reação às declarações de Blinken, o Fórum das Famílias Reféns pediu em comunicado um acordo entre Israel e o Hamas o mais depressa possível.
Este grupo israelita formado por famílias de raptados pelo Hamas sublinhou no seu comunicado de imprensa que "o tempo está a esgotar-se para os reféns".
"Não podemos permitir-nos desperdiçar esta oportunidade crucial, que poderá ser a última", insistiu o texto.
A guerra em curso entre Israel e o Hamas foi desencadeada por um ataque sem precedentes do grupo islamita palestiniano em solo israelita, em 07 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de pessoas foram levadas como reféns, segundo as autoridades israelitas.
Após o ataque do Hamas, Israel desencadeou uma ofensiva em grande escala na Faixa de Gaza, que já provocou mais de 40 mil mortos, na maioria civis, e um desastre humanitário, desestabilizando toda a região do Médio Oriente.
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