Primeiros camiões com ajuda do Programa Alimentar Mundial entram no Sudão

Os primeiros camiões do Programa Alimentar Mundial (PAM) com ajuda alimentar "essencial" para as pessoas ameaçadas pela fome no Darfur chegaram hoje ao Sudão, anunciou a ONU em comunicado.

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© Omer Erdem/Anadolu Agency via Getty Images

Lusa
21/08/2024 17:42 ‧ 21/08/2024 por Lusa

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Sudão

Segundo a nota, "os primeiros camiões do Programa Alimentar Mundial (PAM) atravessaram finalmente Adré [fronteira] (...), transportando ajuda alimentar essencial para as pessoas ameaçadas pela fome no Darfur", depois de o Sudão ter anunciado, na semana passada, a reabertura daquele posto fronteiriço para a entrada de ajuda humanitária do Chade.

 

No país, cerca de 26 milhões de pessoas, ou seja, mais de metade da população do Sudão, "enfrenta uma fome aguda" e mais de 750 mil pessoas estão "à beira da fome", recorda-se no comunicado das Nações Unidas.

De acordo com a ONU, esta ajuda alimentar representa "uma lufada de ar fresco para as populações vulneráveis da região e surge numa altura em que a comunidade humanitária tem vindo a correr contra o tempo, nas últimas semanas, para combater a fome em partes do Darfur e noutras regiões afetadas pelo conflito sudanês".

"As pessoas em risco de fome vão receber uma ajuda vital", afirmou o PAM numa mensagem publicada na rede social X.

Na mesma plataforma, o coordenador humanitário das Nações Unidas para o Sudão reagiu ao envio de camiões que transportam "fornecimentos humanitários vitais" do Chade para o Sudão.

"Estou satisfeito com os progressos registados após a reabertura da fronteira de Adré. Mais de uma dúzia de camiões com fornecimentos humanitários atravessaram (...) a fronteira entre o Chade e o Sudão", afirmou Clementine Nkweta-Salami.

Segundo a ONU, a entrega sustentada e em grande escala desta ajuda é "um passo crucial para satisfazer as necessidades urgentes" do povo sudanês durante o pico da estação das chuvas e a época de escassez, de agosto-setembro no Darfur.

Após mais de um ano de guerra, a ONU calcula que 10,7 milhões de pessoas (2,1 milhões de famílias) estejam deslocadas no Sudão.

Neste contexto, os trabalhadores humanitários receberam a confirmação de que as autoridades sudanesas aprovaram a passagem de 131 camiões carregados de produtos alimentares e não alimentares pelo posto fronteiriço de Adré.

O Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários das Nações Unidas tinha também alertado para o impacto devastador das fortes chuvas e das inundações em todo o Sudão.

Cerca de 258.000 pessoas foram afetadas pelas inundações em 13 dos 18 estados do país desde o início da estação das chuvas, em junho, incluindo quase 119.000 pessoas que fugiram das inundações, refere a organização.

Segundo a ONU, as chuvas estão a destruir os locais de deslocação, incluindo os campos de Abu Shouk e Zamzam, onde a fome foi confirmada no início deste mês. Ambos os campos estão situados perto de El-Fasher, a capital do Darfur do Norte.

Estas inundações também aumentaram o risco de doenças e o número de casos de cólera aumentou nas últimas semanas, tendo sido registados centenas de casos.

Cerca de dez estados sudaneses estão, assim, a enfrentar a chegada de vários doentes ao mesmo tempo, enquanto três quartos das instalações de saúde já não estão a funcionar nas áreas mais afetadas, conclui.

A guerra no Sudão, que teve início em abril de 2023, já causou entre 30 mil e 150 mil mortos, segundo diferentes estimativas, e uma das maiores crises de deslocados do planeta. 

Leia Também: Pelo menos 16 mortos em ataques contra posições paramilitares no Sudão

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