O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Jordânia, Sufian al Qudá, assegurou que o país "tomará as medidas necessárias para impedir os ataques a locais sagrados e está a preparar queixas perante os tribunais internacionais contra estes ataques".
"[É] uma violação clara do Direito internacional e uma escalada perigosa que a Jordânia combaterá por todos os meios possíveis", acrescentou.
Al Qudá condenou as declarações do ministro da Segurança Interna israelita, Ben Gvir, considerando-o "extremista e racista", e apelou a "uma posição internacional clara de condenação".
As palavras de Ben Gvir "baseadas numa narrativa fanática (...) alimentam a política do extremismo" para "mudar a situação histórica e jurídica de Jerusalém e dos seus lugares sagrados", frisou ainda.
Al Qudá recordou que a Esplanada das Mesquitas tem uma área total de cerca de 14 hectares, de acordo com os acordos que designam a Jordânia como 'guardiã' dos lugares sagrados muçulmanos de Jerusalém e que proíbem qualquer oração ou culto religioso judaico no local, bem como a exibição de bandeiras israelitas.
O atual 'status quo' apenas permite a visita de judeus guiados por uma rota preestabelecida e sempre sob vigilância policial.
Amã recordou também que a administração dos assuntos religiosos de Jerusalém, subordinada ao Ministério dos Assuntos Religiosos da Jordânia, é a única autoridade com jurisdição exclusiva para gerir todos os assuntos da Mesquita de Al Aqsa e o acesso à mesma.
Ben Gvir referiu hoje na Rádio do Exército que é discriminação que os judeus não possam rezar e realizar cerimónias na Esplanada das Mesquitas.
"Não consigo hastear nem uma bandeira israelita" no local sagrado muçulmano, queixou-se.
Quando questionado se queria uma sinagoga ali, Ben Gvir respondeu afirmativamente.
A Autoridade Palestiniana e o Hamas já condenaram as declarações de Ben Gvir e este foi mesmo criticado por outros ministros do Governo israelita, como o titular da Defesa, Yoav Gallant.
Israel assumiu o controlo da Esplanada das Mesquitas e do resto da Cidade Velha de Jerusalém durante a Guerra dos Seis Dias (1967). No entanto, permitiu à Jordânia continuar a manter aí a autoridade religiosa e, ao abrigo do acordo de paz, reconheceu o "papel especial" da Jordânia sobre "os locais sagrados muçulmanos em Jerusalém".
A Esplanada das Mesquitas assenta num dos seus lados sobre o Muro das Lamentações, último vestígio do Templo de Salomão, razão pela qual os muçulmanos temem que Israel destrua a Mesquita de Al Aqsa - o terceiro lugar muçulmano mais sagrado - para construir um terceiro templo judaico em Jerusalém.
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