O apoio foi manifestado na XI cimeira extraordinária de chefes de Estado e primeiros-ministros da ALBA, que decorreu de maneira virtual e foi transmitida pela televisão estatal venezuelana.
"Não é possível permanecer indiferente perante uma calculada articulação das oligarquias regionais, do imperialismo, dos empórios de comunicação e das plataformas digitais contra a Venezuela. Hoje contra a Venezuela, amanhã contra qualquer um dos nossos países e povos", disse o Presidente de Cuba, que felicitou a Maduro pela alegada vitória eleitoral.
Diaz Canel frisou que "na Venezuela existe um conflito entre visões do mundo claramente antagónicas: por um lado, a visão emancipatória, que defende o futuro e a justiça social; por outro, o interesse em preservar o sistema de injustiça e hegemonia que a Revolução Bolivariana teve a audácia de enfrentar".
No mesmo sentido, o Presidente da Bolívia, Luís Arce, explicou que a "América Latina e as Caraíbas são palco de disputas entre os que amam a liberdade e a independência para todos e os que querem manter os mecanismos de dominação".
"A guerra híbrida desencadeada contra a Venezuela através de uma campanha de desinformação põe em perigo a paz do seu povo (...) Condenamos qualquer tentativa de desestabilização que possa afetar a paz e o desenvolvimento do povo venezuelano", disse Luís Arce que felicitou o "irmão presidente" pela "prática democrática" que levou aos resultados eleitorais.
O lusodescendente Ralph Gonsalves, primeiro-ministro de São Vicente e Granadinas, aproveitou também a oportunidade para mostrar solidariedade com o primeiro-mandatário venezuelano.
"São Vicente e Granadinas mantêm-se solidárias com a Venezuela", disse, instando os EUA a "deixar de interferir nos assuntos dos governos da região".
"Temos sistemas eleitorais competitivos e na Venezuela é possível realizar eleições livres e justas, e as autoridades foram eleitas de acordo com as leis nacionais", proclamou Gonsalves.
Durante a cimeira, o Presidente da Venezuela comparou a situação atual com a vivida em 2019, quando o então presidente do parlamento, Juan Guaidó, jurou publicamente assumir as funções de Presidente interino da Venezuela até afastar Maduro do poder.
Para Maduro, alegados inimigos estrangeiros não cessam no seu empenho de assaltar o poder na Venezuela, de tentar levar o país a um estado de violência generalizada e de pré-guerra civil, para depois pedir uma intervenção militar.
O Supremo Tribunal de Justiça, controlado por magistrados simpatizantes do regime venezuelano, confirmou na quinta-feira que os resultados das eleições de 28 de julho deram a vitória a Maduro sobre o seu adversário González Urrutia.
A decisão, que o tribunal diz ter obtido de forma "inequívoca e irrestrita", surgiu 22 dias depois de o próprio Maduro ter requerido este processo.
A Venezuela, país que conta com uma expressiva comunidade de portugueses e de lusodescendentes, realizou eleições presidenciais no passado dia 28 de julho, após as quais o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) atribuiu a vitória a Maduro com pouco mais de 51% dos votos, enquanto a oposição afirma que o seu candidato, o antigo diplomata Edmundo González Urrutia obteve quase 70% dos votos.
A oposição venezuelana e diversos países da comunidade internacional denunciaram uma fraude eleitoral e exigiram que sejam apresentadas as atas de votação para uma verificação independente, o que o CNE diz ser inviável devido a um "ciberataque" de que alegadamente foi alvo.
Os resultados eleitorais têm sido contestados nas ruas, com manifestações reprimidas pelas forças de segurança, com o registo de mais de 2.200 detenções, 27 mortos e 192 feridos.
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