Reféns e familiares de vítimas são contra cerimónia do 7 de outubro

Várias dezenas de antigos reféns e familiares de vítimas do ataque do Hamas em Israel manifestaram-se hoje contra a organização, pelas autoridades, de uma cerimónia para assinalar os massacres de 07 de outubro.

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© Amir Levy/Getty Images

Lusa
28/08/2024 19:44 ‧ 28/08/2024 por Lusa

Mundo

Israel/Palestina

Numa carta enviada à ministra Miri Regev, responsável pela organização da cerimónia, os signatários afirmam recusar "qualquer utilização de fotografias dos seus entes queridos, vivos ou mortos, de pormenores sobre eles ou da menção dos seus nomes".

 

Os signatários, entre os quais uma dezena de antigos reféns, pedem igualmente a anulação da cerimónia, cujo custo é estimado pelos meios de comunicação locais em mais de um milhão de euros.

Pedem ao governo que "traga de volta os reféns" antes de qualquer outra preocupação.

O ataque de 7 de outubro causou a morte de 1.199 pessoas do lado israelita, na sua maioria civis, segundo uma contagem da agência de noticias AFP baseada em dados oficiais.

As represálias israelitas contra a Faixa de Gaza, onde o Hamas tomou o poder em 2007, mataram, pelo menos, 40.534 pessoas, segundo o Ministério da Saúde do governo do Hamas, e provocaram uma catástrofe humanitária e sanitária no território palestiniano sitiado.

Das 251 pessoas raptadas a 7 de outubro, 103 continuam detidas em Gaza, 33 das quais foram declaradas mortas pelo exército.

O local da cerimónia também foi objeto de debate, com os kibutzes dizimados pelos comandos do Hamas a recusarem-se a recebê-la.

Miri Regev anunciou que tinha escolhido a cidade de Ofaqim, cujo presidente da câmara é membro do partido de direita Likud do Primeiro-Ministro Benjamin Netanyahu, e onde mais de 40 polícias, soldados e civis foram mortos a 7 de outubro.

A cerimónia será pré-gravada e não terá público, anunciaram os organizadores.

O Presidente israelita Isaac Herzog sugeriu que a presidência organizasse a cerimónia "sem sinais políticos", uma proposta que Regev não aceitou.

Questionada pela imprensa sobre estas controvérsias, Miri Regev, ministra dos Transportes e próxima do primeiro-ministro, respondeu que não se sentia "incomodada" com "o ruído de fundo", provocando uma nova contestação.

Vários cantores populares recusaram-se a cantar na cerimónia, incluindo alguns cantores de direita.

Já as famílias das vítimas anunciaram a realização de uma cerimónia num parque de Telavive.

Artistas e personalidades de todos os quadrantes confirmaram a sua presença, incluindo o comediante e jornalista Hanoch Daum, que apelou no Facebook aos organizadores da cerimónia oficial para que não a realizassem na mesma altura.

"Dezenas de milhares de pessoas vão poder sentar-se, recordar e chorar em conjunto (...) sem políticos, para dialogar entre israelitas, tanto de direita como de esquerda", disse Hanoch Daum.

Leia Também: Natanyahu considera "muito séria" nova vaga de sanções dos EUA

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