Timor-Leste: É altura de refletir sobre "progressos" e desafios

O Fórum das Organizações Não-Governamentais de Timor-Leste (Fongtil) afirmou que, 25 anos depois do referendo pela independência, é momento de refletir sobre os desafios, denunciando tentativas de limitação às liberdades fundamentais.

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Lusa
30/08/2024 06:11 ‧ 30/08/2024 por Lusa

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"O desenvolvimento de Timor-Leste nas últimas duas décadas fez progressos significativos, mas ainda lutamos com muitos problemas fundamentais, incluindo pobreza, desnutrição, dependência do petróleo, dependência das importações, falta de serviços públicos de qualidade, alterações climáticas e outras questões urgentes", refere o grupo, em carta aberta enviada ao secretário-geral da ONU.

 

António Guterres chegou quinta-feira a Díli para participar nas cerimónias de celebração dos 25 anos da realização do referendo pela independência, a 30 de agosto de 1999.

"Embora tenhamos liberdade de expressão, de imprensa, de movimento e de reunião, as autoridades de segurança continuam a tentar limitar essa liberdade", salienta a Fongtil, explicando que o "primeiro-ministro e a polícia advertiram" alguns dos membros do fórum "para não se expressarem" durante as visitas do secretário-geral da ONU e do Papa Francisco.

A Fongtil manifestou também preocupação com a dependência económica do petróleo e do gás natural e com a falta de "justiça e responsabilização", relembrando que os "atores criminais indonésios ainda não foram levados a um mecanismo judicial credível".

"Com a ajuda das Nações Unidas, foi criado um painel especial para crimes graves cometidos em 1999, mas o seu mandato não cobria os inúmeros crimes cometidos pelas forças indonésias entre 1975 e 1998", afirmou o fórum.

"Até à data, nenhum líder político ou militar indonésio foi levado à justiça, mesmo quando aumentam o seu poder político no nosso vizinho mais próximo", salienta a Fongtil, referindo-se ao Presidente eleito da Indonésia, antigo general Prabowo Subianto, acusado de violação dos direitos humanos.

As organizações criticam também o "Plano Estratégico de Desenvolvimento 2011-2030", elaborado pelas autoridades timorenses, considerando-o como um "sonho irrealista" e que "não aborda diretamente muitos desafios reais enfrentados pela população".

"Encorajamos as Nações Unidas a usarem [os] seus recursos financeiros, humanos e de capacidade disponíveis para ajudar Timor-Leste a mover-se numa direção sustentável e equitativa", pede a Fongtil.

A sociedade civil adverte também que Timor-Leste é "muito vulnerável aos impactos das alterações climáticas", encorajando o secretário-geral da ONU a "continuar a lutar" para "garantir um mundo seguro e pacífico".

"A FONGTIL também pede às Nações Unidas e à comunidade internacional que não esqueçam os povos que lutam pela liberdade, incluindo os do Saara Ocidental, Myanmar [antiga Birmânia] e Papua Ocidental, que continuam a lutar por justiça e direitos humanos, especialmente pela autodeterminação", salienta.

Leia Também: Parlamento timorense atribui nacionalidade a António Guterres

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