Em frente ao quartel-general militar de Kirya, centro israelita das decisões em tempo de guerra no enclave palestiniano, os manifestantes reuniram-se com faixas e bandeiras amarelas, a tonalidade que, desde o ataque do Hamas no sul de Israel em 07 de outubro, representa os reféns, 97 deles dos quais ainda detidos no enclave.
"O meu pai ainda está lá e está vivo! Todos precisam de sair de lá... a única forma é através de um acordo", disse, citada pela agência EFE, Ella Ben Ami, filha do refém Ohad Ben Ami na manifestação.
"Esta é a política deles, torpedear o acordo vezes sem conta", gritou Ella ao microfone, aludindo a Benjamin Netanyahu, segundo declarações divulgadas pelos meios de comunicação locais.
No chão, também com tinta amarela, os participantes deixaram marcas das mãos, enquanto outros escreveram a palavra "desculpe", numa mensagem aos reféns.
Na cidade de Rehovot, 20 quilómetros a sul de Telavive, dezenas de cidadãos com bandeiras nacionais clamavam nas ruas por um acordo de tréguas. "Queremos que regressem vivos e não em sacos para cadáveres", gritaram.
Mais de 300 mil israelitas protestaram nas ruas no passado domingo, dia em que foi anunciada a morte de seis reféns israelitas na Faixa de Gaza.
O primeiro-ministro israelita indicou na segunda-feira que os reféns foram abatidos com um tiro na nuca.
O Hamas rebateu a acusação, de acordo com um dirigente do grupo palestiniano citado sob anonimato pela agência France Presse (AFP), alegando que os reféns foram mortos "por tiros e bombardeamentos do ocupante", ou seja, de Israel.
Durante o ataque sem precedentes do Hamas a Israel que desencadeou a guerra na Faixa de Gaza, 251 pessoas foram raptadas, 97 continuam detidas, incluindo 33 consideradas mortas pelo Exército.
O ataque provocou também a morte de cerca de 1.200 pessoas, sobretudo civis.
Em resposta, Israel lançou uma grande ofensiva aérea e terrestre na Faixa de Gaza, que fez pelo menos 40.819 mortos, segundo o Ministério da Saúde do Hamas, na maioria mulheres e menores.
O anúncio no domingo causou intensa agitação em Israel e intensificou ainda mais as críticas ao primeiro-ministro, acusado de não fazer o suficiente para libertar os reféns ainda detidos.
O próprio Presidente norte-americano, Joe Biden, cujo país é o principal aliado de Israel, criticou Netanyahu por não ter ainda feito a sua parte para alcançar um acordo com o Hamas.
Na noite de segunda-feira, o chefe do Governo de Telavive reiterou que não cederia à pressão e que iria manter a operação militar contra o grupo palestiniano, recusando-se a ceder o controlo da faixa estratégica do Corredor de Filadélfia, no sul do enclave, e que tem sido uma das principais fontes de bloqueio das negociações.
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