Agricultura? Relatório de Bruxelas sem resposta a questões fundamentais

A Coordenadora Europeia Via Campesina (ECVC), organização da qual a Confederação Nacional da Agricultura (CNA) faz parte, defendeu hoje que o relatório de Bruxelas sobre o setor não dá resposta a uma série de questões fundamentais para a agricultura.

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Lusa
05/09/2024 13:32 ‧ 05/09/2024 por Lusa

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CEVC

"Para a ECVC, o relatório não aborda nem inclui suficientemente uma série de questões fundamentais para os agricultores e trabalhadores agrícolas", referiu, em comunicado.

 

A organização sublinhou que os agricultores familiares querem trabalhar "em solidariedade e não em competição", que continua a ser central nas recomendações apresentadas no relatório da Comissão Europeia.

Por outro lado, notou que a política comercial europeia é um "motor de baixos rendimentos", pedindo que Bruxelas promova uma reforma radical do comércio internacional "rumo a um novo quadro comercial", que se baseia na soberania alimentar e na justiça social e ambiental.

Para a ECVC, a alimentação é um direito e não uma mercadoria e, por isso, a política agroalimentar da União Europeia deverá basear-se numa abordagem baseada nos direitos.

A isto, conforme apontou, acresce o facto de a Europa precisar de mais agricultores familiares para conseguir a transição dos sistemas agroalimentares.

No entanto, a ECVC congratulou-se com alguns pontos que integram o relatório, como a necessidade de melhorar o rendimento dos agricultores, a renovação geracional, o reforço da formação e a conservação e acesso à terra.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, quer rever as ajudas diretas aos pequenos agricultores e prometeu, esta quarta-feira, apresentar medidas nos primeiros 100 dias do próximo mandato.

Falando na apresentação das conclusões do relatório sobre o futuro da agricultura na União Europeia (UE), elaborado por um painel de 29 peritos criado em janeiro, numa altura de protestos nas ruas, e que reuniu representantes do setor, comunidades rurais e profissionais universitários, von der Leyen comprometeu-se a apresentar, nos primeiros 100 dias do seu segundo mandato, uma visão para a agricultura que inclua as recomendações do diálogo estratégico.

A líder do executivo comunitário concordou que a Política Agrícola Comum (PAC) deve prever pagamentos diretos mais bem ajustados aos agricultores e produtores e dirigidos "aos que mais precisam", conforme recomendado.

"Estas recomendações serão depois integradas na visão para a agricultura e a alimentação, e eu apresentarei esta visão, ou chamemos-lhe roteiro, nos primeiros 100 dias do próximo mandato, havendo já alguns objetivos fundamentais delineados nas minhas orientações políticas", disse ainda von der Leyen.

Na quarta-feira, a Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) já tinha defendido que o relatório sobre o futuro da agricultura deve ser visto como "o início de um processo mais construtivo, que conduzirá a uma visão mais coerente, equilibrada e estratégica da agricultura".

Leia Também: Vinhais estima prejuízos na agricultura deixados pelo incêndio de domingo

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